Anestesistas a 500 euros à hora? Ordem dos Médicos fala em "notícias falsas"
27-12-2018 - 08:40
 • Renascença

A ministra da Saúde é desafiada a apresentar os documentos que comprovem as suas palavras, mas os médicos admitem poder vir a recorrer aos tribunais.

A Ordem dos Médicos nega a existência de propostas de contratação de anestesistas a 500 euros à hora na Maternidade Alfredo da Costa (MAC).

Em comunicado enviado à redação, o bastonário Miguel Guimarães lamenta que a “época de Natal esteja a ser marcada pela divulgação de notícias falsas”.

“Qualquer pessoa de bom senso, compreenderia que, se tal proposta existisse, num turno de 12 horas, quase triplicava o ordenado de um mês”, sublinha.

A Renascença avançou que a urgência da Alfredo da Costa estaria encerrada na véspera e no dia de Natal por ter apenas um anestesista a escalado. Mais tarde, a ministra da Saúde disse que esta situação demonstra a necessidade de ter um Serviço Nacional de Saúde com profissionais em dedicação exclusiva, assegurando que o conselho de administração da MAC pagaria os 500 euros à hora pedidos para a prestação de serviços de anestesia, "mas sucede que não foi possível recrutar um segundo elemento" para a maternidade.

De acordo com a Ordem, a verdade é bem diferente: o Centro Hospitalar de Lisboa Central terá aberto um concurso para contratação de prestadores de serviços, por um valor de 39 euros à hora, valor esse que seria pago à empresa, não aos médicos especialistas (cujo valor/hora é sempre inferior ao que é pago à empresa).

“As declarações da Sra. ministra geraram uma onda de notícias falsas”, disse já esta manhã em entrevista à Renascença.

“Perante uma discrepância de 461 euros, a Ordem dos Médicos exige que sejam apresentados os documentos/contratos onde conste claramente o referido valor e que seja explicado em que meios oficiais foram publicados e divulgados. Confirmando-se a verdade – isto é, que tais propostas de contratação por 500 euros/hora não existem – a Ordem exige um desmentido tão público quanto o foram estas falsas notícias, e reserva-se no direito de recorrer aos tribunais dado o caracter ofensivo e indigno para os médicos como resultado das declarações proferidas”, pode ainda ler-se na mesma nota.