Quintana quer continuar no ciclismo. “Sou um corredor honesto, sempre o fui”
25-01-2023 - 16:57
 • Lusa

Colombiano está ainda sem equipa para a temporada 2023.

Nairo Quintana quer continuar no ciclismo, desmentindo informações que davam conta do final da sua carreira, garante que está limpo e manifesta-se incrédulo perante "a inexplicável muralha" que o impede de encontrar uma equipa.

"Hoje, quero dizer-vos que estou em boa forma para continuar. [...] Devido aos acontecimentos dos últimos meses, é inegável o ambiente esquisito e a inexplicável muralha que se levantou. Mas sigo. Sou um ciclista que está acostumado à chuva, ao frio, ao calor, às quedas e aos arranhões, mas também a levantar-me e continuar a pedalar", referiu o ciclista colombiano.

Quintana, de 32 anos, preferiu ler um comunicado, lembrando que "a luta e o sacrifício são os caminhos" que conhece.

O corredor ficou sem equipa -- a Arkéa Samsic tinha anunciado a sua renovação, mas deu por finalizado o contrato -, depois de ter sido desclassificado da Volta a França por ter usado tramadol, que não consta na lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidopagem, mas é proibido em competição pelos regulamentos da União Ciclista Internacional (UCI).

"Vou continuar a batalhar para competir e para continuar na bicicleta até que o meu corpo e a minha mente aguentem. Sou um corredor honesto, sempre o fui, nos mais de 260 controlos que realizei nos últimos 10 anos da minha carreira nunca tive problemas. Desde que me tornei profissional, em 2009, respeitei as regras, competi com integridade e respeitei e honrei o jogo limpo", declarou.

Quintana assumiu que, apesar de não ter contrato para esta época, está disponível "para vestir uma camisola e dar o melhor na estrada", evocando o seu palmarés para atrair a atenção das equipas.

Um dos escaladores de referência do pelotão na última década, o colombiano venceu o Giro2014 e a Vuelta2016, mas nunca conseguiu destronar o britânico Chris Froome no Tour, sendo segundo classificado em 2013 e 2015, edições em que conquistou a classificação da juventude. Melhor trepador do Tour 2013, tem 51 triunfos na carreira, entre os quais se destacam ainda as vitórias na geral do Tirreno-Adriático (2015 e 2017), Volta aos Alpes Marítimos (2020 e 2022), Volta à Romandia (2016), Volta à Catalunha (2016) ou Volta ao País Basco (2013), mas também o segundo lugar no Giro 2017.

Quintana é profissional há 14 temporadas, tendo passado oito delas na Movistar (2012-2019). A vitória na Volta a França do futuro de 2010 catapultou-o para a ribalta, mas as polémicas relacionadas com doping deixaram-no ser ofertas para prosseguir no WorldTour. Antes de ser desclassificado do Tour 2022, aquele em que pareceu estar de regresso ao mais alto nível -- foi sexto -, por uso de tramadol, o colombiano já tinha estado envolvido noutra polémica relacionada com doping.

Em setembro de 2020, a procuradoria de Marselha abriu uma investigação após a "descoberta de vários produtos de saúde, incluindo drogas [...] e especialmente de um método que pode ser qualificado como doping" em buscas realizadas durante a Volta a França.

Segundo o semanário “Le Journal du Dimanche”, a polícia investigou o quarto de Quintana e do seu irmão Dayer, o do compatriota Winner Anacona, bem como o dos massagistas e alguns veículos.

A Arkéa Samsic confirmou, depois, que um número "muito reduzido de ciclistas" foi alvo de buscas no hotel por suspeitas de doping, que não eram dirigidas diretamente à equipa ou ao corpo técnico.