Como se previa, as severas condenações de prisão aos independentistas catalães, sentenciadas pelo Supremo Tribunal de Espanha, suscitaram uma vaga de protestos e distúrbios na Catalunha, provavelmente radicalizando pessoas até aqui moderadas. E ainda poderiam ter sido penas mais duras, caso esse tribunal tivesse aceite a acusação de rebelião, apresentada pelo ministério público espanhol.
Toda a gente diz, com razão, que o problema da Catalunha (o mais difícil que a Espanha hoje enfrenta) tem que ser resolvido pela via do diálogo político. Só que esse diálogo só terá sentido útil após uma revisão constitucional que permita, por exemplo, que o país se torne um Estado federal, como é a Alemanha e outros países europeus.
No próximo dia 10 de novembro, haverá eleições gerais em Espanha - as quartas em quatro anos. Ora, infelizmente, estas eleições irão agravar ainda mais as divisões sobre o problema catalão.
Na própria Catalunha, as sondagens atuais mostram que a independência não tem o apoio da maioria ali residente. Fora da Catalunha, como se compreende, essa independência é rejeitada por uma esmagadora maioria de espanhóis. Daí que Pedro Sanchez, líder do PSOE (socialistas) e candidato a primeiro-ministro tenha logo acentuado que a sentença do Supremo era para cumprir.
Existem alguns sinais de moderação quanto à questão da Catalunha. P. Sanchez defende o diálogo com os separatistas da Catalunha. O conservador PP não exige, para já, que seja imposta à Catalunha a governação direta a partir de Madrid, como aconteceu recentemente com Rajoy. E o Cidadãos pretende agora deixar Sanchez assumir o cargo de chefiar o governo de Espanha, abstendo-se no parlamento. Pelo contrário, na campanha eleitoral o partido Vox, de extrema-direita, irá explorar à exaustão o nacionalismo espanhol, hostil às autonomias regionais.
Mas sem uma revisão constitucional, que elimine a impossibilidade legal de a Espanha, mantendo-se unida, avançar na via federal, o eventual diálogo com os separatistas catalães não levará a parte alguma.
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