A Catalunha e a política
16-10-2019 - 06:30

O problema da Catalunha apenas se resolverá pela via política, desde que se consiga uma revisão constitucional. As próximas eleições espanholas não irão ajudar.

Como se previa, as severas condenações de prisão aos independentistas catalães, sentenciadas pelo Supremo Tribunal de Espanha, suscitaram uma vaga de protestos e distúrbios na Catalunha, provavelmente radicalizando pessoas até aqui moderadas. E ainda poderiam ter sido penas mais duras, caso esse tribunal tivesse aceite a acusação de rebelião, apresentada pelo ministério público espanhol.

Toda a gente diz, com razão, que o problema da Catalunha (o mais difícil que a Espanha hoje enfrenta) tem que ser resolvido pela via do diálogo político. Só que esse diálogo só terá sentido útil após uma revisão constitucional que permita, por exemplo, que o país se torne um Estado federal, como é a Alemanha e outros países europeus.

No próximo dia 10 de novembro, haverá eleições gerais em Espanha - as quartas em quatro anos. Ora, infelizmente, estas eleições irão agravar ainda mais as divisões sobre o problema catalão.

Na própria Catalunha, as sondagens atuais mostram que a independência não tem o apoio da maioria ali residente. Fora da Catalunha, como se compreende, essa independência é rejeitada por uma esmagadora maioria de espanhóis. Daí que Pedro Sanchez, líder do PSOE (socialistas) e candidato a primeiro-ministro tenha logo acentuado que a sentença do Supremo era para cumprir.

Existem alguns sinais de moderação quanto à questão da Catalunha. P. Sanchez defende o diálogo com os separatistas da Catalunha. O conservador PP não exige, para já, que seja imposta à Catalunha a governação direta a partir de Madrid, como aconteceu recentemente com Rajoy. E o Cidadãos pretende agora deixar Sanchez assumir o cargo de chefiar o governo de Espanha, abstendo-se no parlamento. Pelo contrário, na campanha eleitoral o partido Vox, de extrema-direita, irá explorar à exaustão o nacionalismo espanhol, hostil às autonomias regionais.

Mas sem uma revisão constitucional, que elimine a impossibilidade legal de a Espanha, mantendo-se unida, avançar na via federal, o eventual diálogo com os separatistas catalães não levará a parte alguma.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus