Quarentena pode não ser suficiente para conter coronavírus, alerta OMS
22-03-2020 - 16:56
 • Hugo Monteiro com redação

Vice-presidente da OMS dá como exemplo a China, a Coreia do Sul e Singapura, que conseguiram conter a ameaça. "Temos de realizar testes em todos os casos suspeitos", afirma.

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A quarentena imposta por muitos países não será suficiente para travar a Covid-19, alerta o vice-presidente da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apela à aplicação urgente de novas medidas de saúde pública.

"Temos de procurar ativamente os casos de infeção e temos de realizar testes em todos os casos suspeitos. Não temos de testar todas as pessoas, temos de nos concentrar em quem possa estar infetado”, afirmou Mike Ryan, em entrevista à BBC.

Para a OMS, o perigo das quarentenas é o regresso do vírus no final do período de restrições. Ryan lembra que a Europa deve seguir os exemplos da China, Singapura e Coreia do Sul, que associaram as restrições a medidas rigorosas para testar todos os possíveis suspeitos.

"Assim que tenhamos suprimido a transmissão, temos de ir atrás do vírus e lutar contra ele", diz Mike Ryan.

O vice-presidente da OMS lembra ainda que a Covid-19 não é uma doença exclusiva dos mais velhos.

“Não é uma doença que afete só os mais idosos, há um impacto significativo sobretudo nos adultos de meia idade. Se não implementamos de imediato medidas rigorosas de saúde pública, quando essas restrições de movimentos e as medidas de isolamento forem levantadas, o perigo é que volte a haver um surto da doença", alerta o responsável da agência da ONU especializada em saúde.

Nesta entrevista, Mike Ryan lembra ainda que não está para breve o surgimento de uma vacina eficaz.

“Temos de ser realistas, as vacinas demoram muito tempo a criar, a serem testadas, a torná-las seguras, a provar que são eficazes. Depois temos de produzir vacinas para todos, estamos a falar no prazo de um ano. Mas isso não significa que estejamos indefesos, podemos fazer muitas coisas para travar esta doença neste momento e salvar muitas vidas de imediato”.