Guerra ao vírus. Estudo aponta 21 medicamentos para a Covid-19
27-07-2020 - 12:28
 • Marta Grosso

Quando a vacina ainda é uma miragem, surge a notícia da existência de um elevado número de fármacos capazes de bloquear a replicação do novo coronavírus. E também a da descoberta de 100 moléculas com atividade antiviral confirmada em testes de laboratório.

Um estudo realizado pelo Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute, já publicado na revista “Nature”, indica que existem 21 medicamentos capazes de inibir a replicação do novo coronavírus.

O Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute é um instituto norte-americano de investigação clínica sem fins lucrativos. Na sua pesquisa, conseguiu identificar 21 fármacos já existentes e que se revelam eficazes na luta contra a Covid-19.

É uma das maiores coleções de fármacos conhecidos do mundo pela sua capacidade de bloquear a replicação do novo coronavírus.

“Criámos o perfil de uma biblioteca de medicamentos conhecidos, abrangendo aproximadamente 12.000 pequenas moléculas em estágio clínico ou aprovadas pela FDA” [Food and Drug Administration, responsável pela aprovação de medicamentos nos EUA], revelam os cientistas na revista “Nature”.


Os cientistas, alguns de origem indiana, encontraram ainda 100 moléculas com atividade antiviral confirmada em testes de laboratório.

O avanço pode levar ao desenvolvimento de novas combinações terapêuticas contra a doença. Quatro dos compostos podem, por exemplo, funcionar em combinação com o remdesivir, um tratamento padrão atual para a Covid-19.

“O remdesivir provou ser bem-sucedido em reduzir o tempo de recuperação de pacientes no hospital, mas o medicamento não funciona para todos que o recebem”, sublinha Chanda, diretor do Programa de Imunidade e Patogénese da Sanford Burnham Prebys e autor sénior do estudo.

“Como as taxas de infeção continuam a aumentar nos Estados Unidos e no mundo, permanece a urgência de encontrar medicamentos acessíveis, eficazes e prontamente disponíveis que possam complementar o uso de remdesivir, bem como medicamentos que possam ser administrados profilaticamente ou ao primeiro sinal de infeção ambulatória”, acrescenta.


Vacina só daqui a uns anos

O estudo do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute foi publicado na revista “Nature”, segundo a qual o desenvolvimento de uma vacina deverá “exigir, pelo menos, 12 a 18 meses e o prazo típico para a aprovação de uma nova terapêutica antiviral pode exceder 10 anos”.

É por isso que “o redirecionamento de medicamentos conhecidos” se torna tão importante e vital, dado que “pode acelerar significativamente a implantação de novas terapias para a Covid-19”, acrescenta o artigo.

Como a maioria das moléculas identificadas neste estudo já avançou para a clínica, os perfis farmacológicos e de segurança humana conhecidos desses compostos permitirão uma avaliação pré-clínica e clínica acelerada desses medicamentos, defendem ainda os investigadores na revista.