Reunião sobre palco da JMJ na quinta-feira. "Vamos eliminar tudo o que não é essencial"
01-02-2023 - 22:18
 • Ricardo Vieira

"Não queremos passar uma imagem de ostentação, porque isso fere os portugueses e os jovens. Falhámos na comunicação", afirma D. Américo Aguiar, presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude e bispo auxiliar de Lisboa.

Está marcada para esta quinta-feira uma "reunião técnica, política a pastoral” para decidir se se é possível fazer alguns cortes no orçamento do palco-altar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 4,2 milhões de euros, que vai ser instalado no ParqueTejo para receber o Papa Francisco, entre 1 e 6 de agosto.

O anúncio foi feito pelo presidente da Fundação JMJ, o bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, em entrevista à RTP3.

"Vamos pedir aos técnicos que cortem tudo o que não é essencial para a segurança e para corresponder àquilo que é necessário. Vamos eliminar o que não é essencial", garante D. Américo Aguiar.

O presidente da Fundação JMJ explica que se trata de uma obra complexa, porque o palco-altar vai ser instalado no local de um antigo aterro.

"Nós estamos em cima do aterro sanitário de Beirolas, e isso significa que toda a estrutura que está a ser colocada em cima do aterro tem que ter um conjunto de cuidados técnicos para garantir a segurança. Estamos a falar de uma dimensão de um terreno equiparada a dez campos de futebol, são três quilómetros de comprimento. Isto significa que o altar tem que subir um pouco para que haja visibilidade de quem está no altar para a multidão e para quem está na multidão para o altar. Estamos a falar de mais de um milhão de participantes, quatro vezes mais a capacidade do Santuário de Fátima", sublinha D. Américo Aguiar.

O bispo auxiliar de Lisboa garante transparência e promete explicar o que será decidido na reunião de quinta-feira, com a Câmara de Lisboa, mas não avança qualquer número para já.

"Amanhã e depois partilharei isso, quero entender qual é a razão técnica e de custo financeiro para que este custo seja indispensável. Aquilo que não for indispensável, nós vamos pedir que se elimine porque não há razão para que aconteça. Nós não queremos passar uma imagem de riqueza ou de ostentação, porque isso também fere os portugueses e fere os jovens", defende.

"Nós não queremos passar uma imagem de riqueza ou de ostentação, porque isso fere os portugueses e os jovens"

Nesta entrevista à RTP3, o presidente da Fundação JMJ pede desculpa e admite que aconteceram falhas de comunicação ao longo do processo.

"Eu sei que foi isso que aconteceu e penitencio-me por ter acontecido isso, porque acho que nós falhámos na comunicação daquilo que é o evento, para todos entendermos que a dimensão do evento implica e obriga a que se tenham investimentos que estavam previstos desde o início", declarou.

D. Américo Aguiar agradece a colaboração do Governo e das autarquias de Loures e Lisboa e explica que pediu para acompanhar os projetos da competência de outras entidades, na sequência da polémica com o palco-altar.

“Agradeço toda a colaboração que nos têm dado. A Câmara de Lisboa anunciou um investimento de 35 milhões de euros e nós [a Fundação JMJ] não demos atenção permanente de acompanhar cada aquisição, cada concurso, porque isso é da responsabilidade direta das entidades que o estão a fazer, mas agora, atendendo ao escrutínio que aconteceu e que nós agradecemos, solicitámos a estas autoridades diversas que gostaríamos de acompanhar.”

Palco do Parque Eduardo VII está em estudo

O presidente da Fundação JMJ esclareceu também a questão do segundo palco, previsto para o Parque Eduardo VII, em Lisboa. D. Américo Aguiar garante que não será o projeto que foi noticiado e rejeita atrasos: "as coisas estão no seu calendário".

“O palco do Parque Eduardo VII, estamos a estudar. Acho muito interessante que tudo aparece e tudo é revelado, mas estamos na fase de estudo. As coisas estão no seu calendário", sublinha.

"Temos um projeto feito pro-bono. Ali temos vários problemas a ultrapassar: temos o monumento, temos a cabeceira do Parque Eduardo VII que temos que disfarçar. Estamos a falar de uma celebração com o cardeal patriarca, das boas-vindas ao Papa e da Via Sacra. Estamos a falar de eventos que podem ir aos 500, 600 ou 700 mil participantes. Não estamos a falar da presença do Papa João Paulo II no Parque Eduardo VII nos anos 90, não estamos a falar dessa dimensão de participação. É maior. Estamos a trabalhar com a Câmara de Lisboa numa solução que passe por eliminar tudo o que não seja essencial e apenas providenciar aquilo que vai corresponder ao que vai acontecer", assegura D. Américo Aguiar.

Cinco milhões de euros em donativos

O presidente da Fundação JMJ adianta que, até agora, há cinco milhões de euros em donativos, mas diz que "não temos o músculo empresarial da Espanha", onde o mecenato pagou parte da despesa da Jornada Mundial de 2011.

Há 400 mil jovens inscritos, de 183 nacionalidades, e cerca de 20 mil pagaram a inscrição.

D. Américo Aguiar convida todos os jovens para a JMJ, mesmo sem religião, para falar de todas as temáticas que envolvem a vida das novas gerações.

O bispo auxiliar de Lisboa considera que este é o maior evento de uma geração e destaca o retorno económico para Portugal. O orçamento da Fundação será de 80 milhões de euros, além dos gastos a cargo das autarquias e do Governo.

"Acho que [um orçamento de] 160 milhões não é o que vai acontecer. Não vai acontecer isso. Eu nunca falei em 160 milhões em lado nenhum. O que eu disse foi que o orçamento da Fundação da Jornada Mundial da Juventude, que nós estamos a encerrar, é de 80 milhões de euros de euros, que significam entrada de dinheiro na economia. São 30 milhões que vamos comprar de alimentação, são ‘xis’ milhões em seguros, em transportes… Isto é injeção na economia, não é gastos não sei o quê. Tem a ver com o retorno que o evento tem”, sublinha.