"Já vi descoordenação". Autarca da Guarda critica estratégia da Proteção Civil no combate às chamas
11-08-2022 - 23:31
 • Eduardo Soares da Silva

Sérgio Costa teme que aldeia de Videmonte seja rodeada pelo fogo. Presidente da Câmara da Guarda garante que já reportou à tutela a falta de meios para o combate no local.

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Perante mais uma noite de combate às chamas no incêndio na Serra da Estrela, o presidente da Câmara Municipal da Guarda descreve o agravar de uma situação "dantesca" e reporta descoordenação dos meios no local.

Em declarações à Renascença, Sérgio Costa diz que as chamas podem ameaçar outras aldeias para além de Videmonte.

"Isto está dantesco. A situação continua grave, as frentes continuam ativas, cada vez mais extensas, chamas mais intensas e a caminha uma frente em direção à aldeia de Videmonte e outra a querer cercar a aldeia pelo outro lado e a querer caminhar para as aldeias mais próximas", explica.

Sérgio Costa defende que "é preciso atacar durante a noite", com o acalmar do vento, mas há falta de meios.

"Precisamos de máquinas de rasto, mas não as vemos, não existem nesta área. As que a câmara colocou ontem as pessoas tiveram de descansar, não houve render das máquinas, mas não sabemos o que vai acontecer durante a noite", atira.

Críticas à descoordenação

Confrontado com as declarações da secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, que assumiu eventuais erros, mas que "são sentidas por aqueles que num dado momento sentem a operação no sítio em que estão, da perspetiva que têm", o presidente da Câmara Municipal da Guarda garante que já viu vários exemplos de descoordenação.

"Isto não é normal. Passamos em várias frentes e não vemos pessoas, só quando as chamas se aproximam das casas. Já vi desarticulação de meios no local, é só por a mão na consciencia. Há muita temperatura, muito declive, muita intensidade do vento, mas afinal o que se passa? Pedimos meios e máquinas, mas chegam a tarde e a más horas e quando aparecem demoram horas a serem entregue uma missão às pessoas. E já reportei à tutela", atira.

O incêndio que deflagrou no sábado no concelho da Covilhã e alastrou para Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira era combatido às 22h30 por 1.555 operacionais, sendo o único ativo em Portugal continental de grandes dimensões.

De acordo com a informação disponível às 22h30 no "site" da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o fogo que atinge a Serra da Estrela concentrava no terreno 1.555 bombeiros, com o apoio de 486 meios terrestres.

Com início na madrugada de sábado nos concelhos da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e de Manteigas, o fogo atingiu na tarde de quarta-feira também Gouveia e Guarda e passou hoje, a meio da manhã, para o concelho de Celorico da Beira.

O capotamento de uma viatura dos bombeiros de Loures na zona de Celorico da Beira (Guarda), durante o combate ao incêndio, provocou hoje três feridos graves e dois ligeiros, segundo a Proteção Civil.