A Convenção Nacional da Iniciativa Liberal, deste fim de semana em Santa Maria da Feira, tinha apenas dois objetivos: uma alteração estatutária e um novo programa político. O primeiro foi falhado, o segundo foi cumprido com uma oposição que desacelerou o passo num fim de semana que para João Cotrim de Figueiredo não serviu sequer para conquistar “um voto”.
O fim de semana testou quer a atual direção quer a oposição interna do partido, metade do tempo acabou desperdiçado com o chumbo das duas propostas de alteração aos estatutos. Situação que deu para “corar” quer a cara da oposição interna, quer a cara da atual direção que não quer fazer segundas leituras. Aliás, o presidente da Iniciativa Liberal diz que a única conclusão a ser tirada foi a derrota por grande margem da proposta da oposição interna, quando nenhuma seguiu em frente.
Nem o apelo do presidente da IL, nem do eurodeputado eleito João Cotrim de Figueiredo foram suficientes para a aprovação da proposta do Conselho Nacional que Rui Rocha entendeu como uma vontade dos militantes em manter o que está definido nos estatutos desde 2021.
Do outro lado, a chamada oposição interna pouco se fez representar em Santa Maria da Feira. Tiago Mayan Gonçalves vestiu o escudo da linha de oposição e foi o único a marcar presença na VIII Convenção. O ex-candidato presidencial apoiado pela IL faz parte do movimento “Unidos pelo Liberalismo” que trouxe uma proposta de alteração aos estatutos “Estatutos +Liberais” que acabou por dificultar a aprovação da proposta do Conselho Nacional apoiada pela direção do partido.
Para além de ter recebido pouco mais de 20% dos votos a favor, o primeiro subscritor dessa proposta, Miguel Ferreira da Silva – primeiro presidente da IL- não esteve presente fisicamente. Interveio à distância. Pelas intervenções a discussão parecia dividida, mas na votação a maioria optou pelo que era defendido pela direção do partido. Tiago Mayan Gonçalves, ainda com o escudo da oposição, manteve as críticas ao “bloqueio” do regimento.
O impasse do primeiro dia fez com que os liberais acabassem por ir para casa mais cedo onde se esqueceram no segundo dia da mochila das ideologias, isto porque no segundo dia todos se alinharam na aprovação do novo programa político elaborado por Bernardo Blanco, António Costa Amaral, André Abrantes Amaral e Ana Martins.
Apenas com meio escudo de oposição, Tiago Mayan Gonçalves considerou o programa “imperfeito”, mas melhor que o que o partido tinha até este fim de semana e votou a favor. Um desfecho que valeu ao vice-presidente Bernardo Blanco o recurso a Rui Veloso para afirmar que há união no partido. “É mais o que nos une do que o que nos separa”, disse.
Sobre oposições fragilizadas foi ainda dado um pontapé à oposição do exterior com Rui Rocha a utilizar o novo programa aprovado para deixar críticas ao governo da AD e assumir a IL como solução às dificuldades na saúde, educação e habitação.
Rocha não assume recandidatura, Mayan pede tempo para pensar
Depois de dois dias em Santa Maria da Feira, os liberais devem reunir-se em janeiro do próximo ano para discutir uma nova liderança.
Líder desde janeiro do ano passado, Rui Rocha não quis assumir a vontade de uma recandidatura nem se lançou. Do outro lado, três meses depois de ter piscado o olho a uma candidatura Tiago Mayan Gonçalves diz que há tempo para pensar e rejeita ter admitido essa possibilidade.
O atual presidente do partido diz que não tem segundas leituras a tirar e rejeita uma fragilidade na atual direção, resta saber que conclusões tira Tiago Mayan Gonçalves e que influência esta Convenção Nacional vai ter no seu processo de pensamento.