Chefe da Igreja Greco-Católica ucraniana pede ao mundo que condene “massacre de Dnipro”
19-01-2023 - 09:43
 • Olímpia Mairos

D. Sviatoslav Shevchuk alerta para “nova brutalidade” na guerra ao serem usadas armas de destruição massiva.

O líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, arcebispo-mor de Kiev apela ao mundo que condene o “massacre de Dnipro”.

“Pedimos ao mundo inteiro que condene o terrível crime de guerra contra a Ucrânia ocorrido em Dnipro”, disse D. Sviatoslav Shevchuk na sua mensagem diária de vídeo.

“Parece que isto é apenas um teste. A Rússia está a preparar deliberadamente crimes semelhantes em outras cidades e vilas ucranianas. Este crime contra a humanidade, um crime de guerra, deve ser condenado e os autores devem ser chamados pelo nome”, frisou.

De acordo com o líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, o número definitivo de mortos é de 45 pessoas, incluindo seis crianças.

“A criança mais nova, morta, tinha apenas 11 meses de idade”, diz, acrescentando que “até o momento, 20 pessoas ainda estão desaparecidas, 39 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros, incluindo seis crianças e 79 pessoas ficaram feridas, incluindo 16 crianças”.

O arcebispo aponta o dedo à arma usada neste ataque, afirmando que são “armas destinadas a destruir formações navais inteiras no mar” e que, por isso, são “o sinal de uma nova viragem na brutalidade desta guerra”.

Já o Papa reiterou esta quarta-feira o seu pedido de orações “pela martirizada Ucrânia, tão necessitada de proximidade, de conforto e, sobretudo, de paz”.

Francisco referiu-se ao que se passou no sábado passado, com um novo ataque com mísseis que causou muitas vítimas civis, incluindo crianças. “Faço minha a dor lancinante dos familiares. As imagens e os testemunhos deste trágico episódio são um forte apelo a todas as consciências. Não se pode ficar indiferente!”, afirmou na audiência geral desta semana.

Um míssil russo atingiu no passado sábado um bloco de apartamentos na cidade de Dnipro. Volodymyr Zelensky, lamentou a perda de vidas às mãos do que apelidou de “terror russo”.

A Polícia Nacional da Ucrânia anunciou que no sábado 44 pessoas morreram, entre as quais quatro crianças, num ataque com um míssil russo Kh-22 a um edifício residencial em Dnipro, no sudeste da Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Atualmente, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.