Covid-19. Bombeiros de Évora avisam para risco de colapso no atendimento aos doentes
07-01-2021 - 01:49
 • Pedro Filipe Silva

Faltam profissionais de saúde nos lares e muitos idosos acabam por ser transportados para o Hospital de Évora, que também já não tem capacidade de resposta.

O presidente da Federação dos Bombeiros do distrito de Évora alerta para o risco de colapso no atendimento aos doentes com Covid-19.

Em declarações à Renascença, Inácio Esperança revela que há pacientes infetados que são transportados de lares e que ficam horas à espera de ser atendidos dentro das ambulâncias e acabam por não entrar no hospital.

“Temos muitas muitos equipamentos de idosos, lares, com pessoas infetadas, temos surtos na comunidade, temos bombeiros infetados e as pessoas amontoam-se à porta do hospital em ambulâncias e não conseguem libertar as ambulâncias”, descreve o responsável que acrescenta que, neste quadro, há doentes que nem chegam a entrar na urgência.

“A última informação que tivemos foi que o médico da VMER vai ver as pessoas às ambulâncias, fazer o tratamento que é necessário e nem chegam a entrar no hospital”, diz Inácio Esperança.

Nos lares, faltam profissionais de saúde e muitos idosos acabam por ser transportados para o hospital, “muitos deles têm desidratação e outras coisas que não têm muito a ver com Covid, mas que têm a ver com as dificuldades que existem nos lares para tratar os idosos”.

Daí que o presidente Federação dos Bombeiros do Distrito de Évora conclua que não se aprendeu nada com o surto no lar de Reguengos de Monsaraz, que fez 18 mortos.

Inácio Esperança diz que “pensámos que estas questões passaram-se em Reguengos e nunca mais se vão passar em lado nenhum” e fala de uma situação caótica, tanto nos quartéis de bombeiros como no Hospital de Évora.

“Os bombeiros estão exaustos, estão com problemas, temos quartéis de bombeiros fechados, os médicos no hospital de Évora estão exaustos e o hospital não tem capacidade para receber mais gente”, avisa.

Inácio Esperança recomenda uma abordagem diferente “que não seja despejar as pessoas nos hospitais, porque isso vai fazer com que os hospitais não tenham capacidade de dar resposta”.