Missionários norte-americanos continuam por localizar no Haiti
16-11-2021 - 08:05
 • Filipe d'Avillez

O gangue que alegadamente detém os 12 adultos e cinco crianças pede um resgate de 15 milhões de euros para libertar os reféns.

Faz esta terça-feira um mês desde que foram raptados 17 norte-americanos, incluindo cinco crianças, no Haiti, mas as vítimas continuam por localizar.

Ao longo da última semana a imprensa americana citou fontes das forças de segurança americanas para dizer que existe prova de vida de pelo menos alguns dos missionários, mas não se sabe de avanços na sua localização ou libertação.

Os missionários foram raptados a 16 de outubro depois de terem visitado um orfanato que o seu grupo, o Christian Aid Ministries, financiou no país. A maioria dos missionários é oriunda de comunidades anabatistas de zonas rurais dos Estados Unidos, e é financiado por donativos destas igrejas, incluindo dos amish.

Um grupo armado tomou de assalto o autocarro que transportava os 12 missionários, alguns dos quais estavam acompanhados de filhos. No total foram 17 pessoas raptadas, incluindo cinco homens, sete mulheres e cinco crianças. Dezasseis são cidadãos americanos e um é canadiano.

Por detrás do rapto estará o gangue 400 Mwozo, que tem historial de ações violentas deste tipo. Poucos dias depois do desaparecimento dos missionários surgiu nas redes sociais um vídeo de um homem, alegadamente o líder do gangue, a pedir o pagamento de um resgate de um milhão de dólares por cada membro do grupo, ou seja, cerca de 880 mil euros.

Em declarações à imprensa americana os familiares dos missionários raptados têm defendido uma abordagem evangelizadora para com os raptores. “Nós perdoamos estes homens, não temos nada contra eles. Estamos interessados na sua salvação, e amamo-los.”

Os cristãos de tradição anabatista são conhecidos pelo seu modo de vida simples, pela recusa da tecnologia moderna mas, também, por uma firme rejeição da violência e defesa do perdão.

Polícia haitiana sem meios

Embora nunca tenha sido um país estável, o Haiti está a atravessar um período de particular violência ao longo dos últimos meses, que incluiu o assassinato do Presidente, na sua própria casa, em julho deste ano.

Os Estados Unidos têm recusado interferir militarmente no país para tentar impor ordem e paz e os gangues armados têm crescido em força e em capacidade.

Segundo Daniel Foote, antigo enviado-especial dos EUA ao Haiti, a polícia local não tem capacidade para enfrentar os criminosos. “Os gangues são mais fortes que a polícia. Têm mais armas e mais força neste momento. A polícia precisa de ajuda.”

“Nós podemos ajudá-los. Eu propus enviar uma companhia de forças especiais americanas para treinar um grupo anti-gangues no seio da Polícia Nacional Haitiana, não seriam mais do que 30 ou 60 pessoas”, afirmou.

A recusa da Administração de Joe Biden em fornecer essa ajuda levou Foote a demitir-se do seu cargo.