Comissão Independente reage: responsáveis da Protecção Civil foram ouvidos
26-10-2017 - 14:44
 • André Rodrigues

Paulo Fernandes, especialista que integrou a comissão de peritos que investigou Pedrógão, diz à Renascença que essas pessoas foram ouvidas na Assembleia da República" durante o mês de Agosto.

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A Comissão Técnica Independente sobre os incêndios de Pedrógao Grande e da região Centro, ocorridos em Junho, garante que ouviu os responsáveis pelos cargos de topo da Protecção Civil.

Em declarações à Renascença, Paulo Fernandes, especialista em incêndios e gestão florestal que integrou o grupo de peritos nomeado pelo Parlamento, assegura "que essas pessoas foram ouvidas na Assembleia da República" durante o mês de Agosto.

A resposta surge depois de o jornal "i" ter revelado excertos de um relatório interno da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) em que são apontados "erros e omissões" no relatório da Comissão Técnica Independente, que atribuiu a dimensão trágica do incêndio de Pedrógão a falhas de comando.

Contactada pela Renascença, fonte do ministério da Administração Interna confirma ter recebido este documento, de carácter secreto, a 19 de Outubro, precisamente um dia depois da demissão de Constança Urbano de Sousa.

Entre outras conclusões, o relatório que contraria a Comissão Técnica Independente diz que, ao contrário do que dizem os peritos, nenhum cargo de topo da Protecção Civil foi ouvido e a "fita do tempo" sobre o desenrolar do combate ao incêndio não foi parada, mas sim "transferida para o posto de comando, para evitar erros".

Questionada sobre a razão para que este documento ainda não seja do conhecimento público, a mesma fonte do gabinete de Eduardo Cabrita explica que "o relatório da ANPC ainda está a ser analisado".

No entanto, Paulo Fernandes diz lamentar o carácter secreto deste relatório da protecção civil. "Gostava de o conhecer", afirma.

O elemento da comissão presidida por João Guerreiro regista o momento escolhido para a divulgação do relatório, sustentando que poderá ser um sinal de que os cargos de topo da ANPC sentem "que estão em maus lençóis". "Suponho que haja deliberações políticas de alteração da ANPC ou de substituição de pessoas", remata.