O 82.º dia de guerra entre Rússia e Ucrânia fica marcado por um anúncio de cessar-fogo em Azovstal para retirar soldados feridos cercados no complexo industrial.
Depois da Finlândia anunciar oficialmente o pedido de adesão à NATO, esta segunda-feira foi a vez da Suécia confirmar que também vai pedir para integrar a aliança transatlântica.
A União Europeia continua a discutir um sexto pacote de sanções à Rússia, porém ainda não há consenso entre os países-membro.
A Renascença resume os principais acontecimentos de mais um dia de conflito.
Trégua em Azovstal para retirar feridos
Foi anunciada esta segunda-feira uma trégua nos combates no complexo industrial de Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol, para retirar feridos, avançou esta segunda-feira a agência de notícias France Press, que cita o governo russo.
"Um acordo foi alcançado com representantes do exército ucraniano que estão bloqueados em Azovstal, em Mariupol, para evacuar os feridos", disse o Ministério da Defesa da Rússia.
Os militares de Moscovo adiantam que um "regime de silêncio" foi introduzido no terreno durante o processo de retirada dos soldados ucranianos feridos.
A siderurgia Azovstal, que está debaixo de ataque há várias semanas, é o único ponto de Mariupol ainda sob controlo das forças ucranianas.
Suécia confirma pedido de adesão à NATO
A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, anunciou esta segunda-feira que o país vai candidatar-se oficialmente à adesão à NATO.
A decisão é histórica já que coloca um ponto final a dois séculos de uma politica de não-alinhamento militar, o que tem sido, de resto, uma marca da identidade nacional sueca.
Magdalena Andersson confirma, assim, que o seu país vai oficialmente candidatar-se à adesão à Aliança Atlântica.
"Vamos informar a NATO de que queremos tornar-nos membros da aliança", disse Andersson, em conferência de imprensa, em Estocolmo, depois de uma reunião extraordinária do executivo e de um debate parlamentar sobre política de segurança.
Em resposta, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que o país vetará a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO se estes países mantiverem a sua política de "acolhimento de guerrilheiros curdos".
"A Suécia é um centro de incubação de organizações terroristas. Acolhe terroristas. No seu parlamento, há deputados que defendem os terroristas. A quem acolhe terroristas não diremos 'sim' quando quiserem juntar-se à NATO", declarou Erdogan.
Portugal prevê rápida "aprovação política" da adesão da Suécia e da Finlândia
Portugal apoia a decisão anunciada pela Suécia de se candidatar à NATO e conta estar "entre os mais rápidos" dos 30 países-membros a ratificar a adesão tanto da Suécia como da Finlândia, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Em declarações aos jornalistas à margem de um Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Bruxelas, João Gomes Cravinho, questionado sobre o desejo da Suécia de se tornar membro da Aliança Atlântica, hoje oficialmente anunciado por Estocolmo, começou por dizer que "o Governo português tomou nota e apoia esta decisão do Governo sueco, tal como em relação à posição assumida pelo Governo finlandês".
"Eu recebi há pouco uma mensagem da minha colega sueca a comunicar essa decisão por parte do Governo sueco. Sabemos que ainda há tramitação parlamentar, na Suécia e na Finlândia, mas a posição do Governo português será de acolhimento muito positivo e de apoio para a adesão rápida da Suécia e da Finlândia", disse.
Sexto pacote de sanções à Rússia sem consenso
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) reconheceu esta segunda-feira as dificuldades em garantir o apoio da Hungria à proposta para sancionar o petróleo russo, devido à dependência do país das importações da Rússia.
No âmbito do agravamento das sanções contra a Rússia por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Comissão Europeia propôs um embargo à importação de petróleo russo até ao final do ano, mas a Hungria opõe-se, apesar de a proposta prever um ano suplementar de transição para o país.
“Temos de convencer 27 países. Entre eles, alguns têm mais problemas do que outros. É uma situação objetiva que alguns Estados-membros enfrentam mais dificuldades”, admitiu Josep Borrell em Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE sobre a situação na Ucrânia.
O diplomata espanhol referiu-se ao facto de haver países “mais dependentes porque não têm acesso ao mar, não têm a possibilidade de receber petroleiros”.