O comentador da Renascença Henrique Raposo considera que “não há solução” para evitar o flagelo dos incêndios em Portugal.
Henrique Raposo lembra que a floresta “foi uma invenção dos liberais do século XIX”, assinalando que “as Beiras não tinham pinheiros e muito menos eucaliptos”.
“A invenção política da floresta começou a ser feita pelos liberais há 180 anos, porque achavam que o terreno português tinha que dar dinheiro, mas a natureza portuguesa sempre foi charneca nua, porque somos um país batido pelo vento e pelo calor. E sempre fomos um país de pastores e não de floresta, tirando alguns nichos, provavelmente no Minho e ali a zona de Aveiro”, assinala.
Raposo entende, assim, que só haverá solução se houver “uma contrarrevolução histórica que refaça o disparate que os liberais inventaram no século 19”.
Já quanto às declarações do primeiro-ministro referindo haver interesses que sobrevoam os incêndios em Portugal, Raposo diz que Luís Montenegro “foi bastante infeliz”.
“É triste ver como aquilo que se chamava antigamente a vulgata marxista é, hoje em dia, a língua franca de boa parte da direita. É a linguagem do populismo, é a ideia que partilham com o marxismo, aquela ideia muito conspirativa e negra da humanidade, de que tudo o que acontece é porque há algum interesse obscuro por trás”, observa.
Para Raposo, “foi muito infeliz ver um primeiro-ministro, que à partida representa um partido do centro, usar esse tipo de linguagem popularucha, que tenta reduzir a um mínimo moralista (tem que haver um vilão!) uma coisa muito complexa”.