O líder do PS, Pedro Nuno Santos, desafia o Governo a explicar se existiu o que diz ser o “aparente” recurso a uma consultora privada para desenhar o programa de emergência da Saúde.
Falando este sábado num comício no edifício da Alfândega do Porto, em mais uma ação de campanha para as europeias de dia 9, o líder socialista disse que, “aparentemente, tiveram a consultoria de uma empresa privada”, colocando a pergunta: “Este plano de emergência da Saúde foi construído pelo Ministério em parceria com alguma empresa privada?”.
Já no final do discurso, Pedro Nuno Santos levantou esta questão, referindo que “aparentemente, uma empresa de consultoria privada participou nas reuniões de consulta a várias entidades privadas e públicas”, e que isso levanta questões.
Sem fazer acusações diretas ou taxativas, o líder do PS diz que a confirmar-se que houve mesmo recurso a uma empresa privada, levanta-se a questão do “conflito de interesses”.
Pedro Nuno Santos estranha que uma empresa que trabalha com grupos privados “esteja ao lado do Estado a ajudar na elaboração de um plano que tem um forte viés para a privatização e para o privado”. E daí, quer saber também “se o Governo viu ou não algum conflito de interesses” e também “de que forma” é que, alegadamente, a empresa foi contratada.
Migrações e Habitação? “Não houve diálogo” do Governo com a oposição
Depois da ironia do primeiro-ministro e líder do PSD sobre a “pedalada” do Governo em fazer aprovar medidas, o líder do PS devolveu, dizendo que “o problema não é nem a quantidade nem a velocidade a que apresentam medidas. O problema deste Governo é a qualidade das medidas que apresentam”.
O líder socialista lamenta-se, declarando que o que se tem “assistido é a um conjunto de medidas que, normalmente, eram antecipadas um dia, dois dias, uma semana ou a duas semanas do Orçamento de Estado”.
Pedro Nuno dá mesmo o exemplo das medidas fiscais que “estão a ser antecipadas vários meses”, acusando o Governo: “O Orçamento do Estado está a ser feito durante a campanha para as europeias”.
Depois dos avisos do Presidente da República sobre a possibilidade de uma crise política provocada por um eventual chumbo da proposta de Orçamento do Estado (OE), Pedro Nuno Santos diz que “não há qualquer procura de diálogo sério com a oposição, pelo menos connosco não há”.
O líder socialista dá o exemplo da Habitação, em que o Governo ouviu os partidos, “prometeram dialogar, fizeram uma reunião com o grupo parlamentar do PS, ficámos à espera de um calendário para podermos discutir propostas e uma ou duas semanas depois, porque havia europeias perto, aprovaram medidas para habitação”. Conclusão: “Simularam um debate com o PS”, acusa Pedro Nuno.
O líder socialista dá, entretanto, outro exemplo, o das Migrações. Pedro Nuno garante que houve uma reunião com o PS “ponto final, parágrafo”, acusando o Governo que “não há verdadeiro diálogo com a oposição, há simulação de diálogo com a oposição”.