Vitória quebra o silêncio: “Não estive apoiado”
12-01-2019 - 22:49
 • Renascença

Antes da partida para a Árabia Saudita e para o Al-Nassr (onde receberá sete milhões e meio de euros por época e meia), Rui Vitória fala abertamente sobre o fim de ciclo na Luz. "Só espero que alguns erros que foram cometidos comigo não sejam cometidos com Bruno Lage."

Consumada a rescisão, sem “mágoa” – “entendemos que era a melhor solução e efetivamente foi”, garante –, Rui Vitória “desligou-se” e não assistiu aos últimos dois triunfos do Benfica, hoje treinado por Bruno Lage, o sucessor.

“Apenas desliguei porque tinha de começar a pensar em outras situações que tinha. Bruno Lage? É um treinador que penso que tem qualidade. Só espero que alguns erros que foram cometidos comigo não sejam cometidos com ele. Espero que haja proteção ao treinador, à equipa, aos jogadores... Houve uma série de circunstancias em relação ao clube que talvez tenham feito clube desfocar-se”, explicou Vitória em entrevista, este sábado, à TVI.

A referência do treinador, mesmo sem nunca aprofundar, foi aos vários casos judiciais (“e-mails”, “vouchers”, “mala ciao”, “e-toupeira” ou “LEX”, entre outros) que assombraram a idoneidade desportiva dos encarnados recentemente. Tudo isso, garante Vitória, prejudicou-o.

“Nesta parte final não estive tão apoiado. Nesta parte final, em determinados momentos, houve uma maior influencia do exterior e senti-me mais sozinho. Às vezes tinha de estar em conferências de imprensa a responder a coisas que nada tinham que ver com a equipa. Tinha de estar a responder a aspectos que não tinha de responder. Isso provocou um desgaste enorme perante toda a gente: o Rui Vitória estava a responder a determinados aspetos que na realidade poderiam ser evitados”, lembrou.

Quebrado o silêncio, explica que se viu isolado, sozinho, nesta parte final no clube. “O treinador de um clube destes deve ser protegido”, criticou.

Apesar de tudo, apesar das muitas críticas recebidas – inclusivamente de Luís Filipe Vieira, que descreveria as exibições do Benfica como “lentas, lentas, lentas” –, Rui Vitória espera que o tempo honre o seu trabalho na Luz. E espera voltar um dia. “Houve um desgaste e hoje em dia vivemos de emoções, o benfiquista habituou-se a ganhar, tem menos tolerância e qualquer percalço não é bem entendido. Mas o nosso nome vai ficar marcado pelos títulos, pela mudança de paradigma, pela valorização de jogadores da formação, pelo que se deixa para o futuro. O tempo irá dar razão a isso. Voltar? Admito claramente voltar ao Benfica. Mantenho uma relação ótima com o Luís Filipe Vieira. Terminamos como tínhamos de terminar. Mas neste momento o meu futuro é treinar na Arábia.”

Na Árabia Saudita, onde rebeberá sete milhões e meio de euros por época e meia no Al-Nassr, Vitóira vai reencontrar Jorge Jesus e Al Hilal, ele, Jesus, que lidera o campeonato saudita com apenas mais três pontos que o Al-Nassr. A rivalidade entre os dois continuará nas arábias?

“Há muito trabalho pela frente, mas queremos marcar posição. Não falei com Jesus, nesta altura é pouco importante. A decisão de vir foi minha, porque tinha uma boa proposta e algo bom para seguir a minha carreira. A rivalidade não contou nada. Se tivermos de nos encontrar, encontramo-nos", concluiu.