Lar de Fonte Serrã. Substituição de equipa que ficou em isolamento "não correu bem"
16-09-2020 - 09:23
 • Fátima Casanova , Sofia Freitas Moreira

De acordo com o presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos, João Ferreira de Almeida, a experiência de substituir a equipa não correu dentro do esperado, pela "falta de preparação das pessoas que foram chamadas".

No lar de Fonte Serrã, a Segurança Social colocou 12 novos funcionários e um diretor técnico, depois do surto de Covid-19, que teve início no local há cerca de três semanas, ter obrigado todos os trabalhadores do lar a ficarem em quarentena ou em isolamento profilático.

No entanto, a experiência de substituir a equipa não correu dentro do esperado, de acordo com o presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de idosos, João Ferreira de Almeida, que explica que tratar de idosos “não é tarefa fácil”.

“Tratar de idosos, desde a higiene, a medicação, a alimentação, a mobilização dos idosos e o posicionamento na cama, dos que estão acamados, não é fácil. Um dos problemas que aconteceu no lar de Fonte Serrã, tanto quanto sei, foi exatamente a falta de preparação das pessoas que foram chamadas para substituir as empregadas que ficaram em casa de quarentena”, explica o presidente à Renascença.

João Ferreira de Almeida pede, por isso, que as brigadas de intervenção rápida, que envolvem médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico, tenham formação adequada para lidar com idosos, mas avisa que esta medida do governo não é suficiente para travar os surtos nos lares.

“Será difícil ser suficiente, porque quase todos os dias há novos surtos em lares. Está bem melhor do que em março, abril e maio, mas está preocupante, de qualquer modo, porque continuam a acontecer com alguma frequência”.

Face ao aumento do número de casos por Covid-19 registados nestes últimos dias, o presidente da associação de lares privados reconhece que é “extremamente difícil” evitar a entrada do novo coronavírus nestas instituições, “por vários fatores de risco acumulados”.

“Não é fácil”, diz João Ferreira de Almeida que reconhece que é nos lares de grande dimensão que os surtos têm mais margem para surgir e defende que só com um grande rigor e disciplina de todos os funcionários se consegue proteger os idosos.

“Dentro dos lares, nós conseguimos controlar o comportamento do pessoal e do staff, mas, depois na sua vida particular e fora do lar, nós não temos como controlar coisa nenhuma. Os surtos têm aparecido, maioritariamente, em lares de grande dimensão. Se têm uma dimensão grande, em número de idosos, têm também um grande número de empregados”, remata João Ferreira de Almeida.