Rui Costa vai depender da bola...
10-10-2021 - 23:27

Rui Costa em três meses mostrou preparação, competência e teve sucesso desportivo.

Rui Costa, o melhor número 10 nascido em Portugal que relatei, deixou de jogar em 2008. Terminou a carreira onde começou, no Benfica, o seu clube do coração. Era um jogador virtuoso, um médio de enorme requinte que em campo pegava na batuta e assumia com talento singular a regência do futebol das equipas que representou.

Espalhou perfume nos estádios de Portugal e Itália. Foi campeão nos dois países. Ganhou a Champions pelo AC Milan e contribuiu para o título de bicampeão do mundo de Sub-20 de Portugal, em 1991. Pela seleção principal jogou três europeus e um mundial. Despediu-se no euro 2004 após a final em que o título só escapou por manifesto infortúnio frente à Grécia.

13 anos depois de pendurar as botas, Rui Costa chegou ao último defeso do futebol português com o espinhoso desafio de assumir o Benfica em águas tumultuosas, poucas horas depois da detenção e consequente demissão de Luís Filipe Vieira.

O maestro, como era conhecido enquanto jogador, não vacilou e foi capaz de manter a estabilidade que o clube precisava em pleno decurso de uma oferta pública de subscrição de obrigações, preparar a nova época desportiva debaixo de uma atmosfera de indefinição e desconfiança e arrancar em agosto com duas eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões e quatro jornadas do campeonato.

Passou com distinção e essa foi a principal razão de um escrutínio demolidor nas urnas. Rui Costa em três meses mostrou preparação, competência e teve sucesso desportivo. E a bússola que guia os adeptos baseia-se nesses aspetos, juntando um outro não menos despiciendo: o carisma. Rui Costa é uma personalidade de prestígio superlativo no universo Benfica e recebeu esse reconhecimento do maior número de sócios que alguma vez participou num ato eleitoral de um clube em Portugal.

Rui Costa virou uma página na história do emblema encarnado. Os sócios confiaram na sua insciência nos processos que motivaram o fim do “vieirismo”. E a esmagadora vitória do novo presidente do Benfica produziu um efeito de pulverização dos opositores. Mas o sucesso do mandato de Rui Costa, tal como nos tempos em que era um ídolo nos relvados, vai depender da bola entrar ou não nas balizas adversárias...