Covid-19. Mitos e verdades sobre o novo coronavírus
09-03-2020 - 10:30
 • João Cunha , Miguel Coelho , Marta Grosso

Numa altura em que são 31 os casos confirmados de coronavírus em Portugal e em que mais de 400 pessoas estão em isolamento, convém saber se todas as afirmações que circulam são verdadeiras.

Nas últimas semanas, muitos têm sido os mitos a surgir à custa do novo coronavírus. Conheça a verdade e a mentira do que por aí se diz e lê.

As vacinas contra a pneumonia protegem contra o Covid-19 – MITO

Estas vacinas não oferecem proteção contra o novo coronavírus. Mas a vacinação contra doenças respiratórias é altamente recomendada para proteção da saúde.

O Covid-19 é um vírus tão recente e distinto que precisa da sua própria vacina, que já está a ser desenvolvida com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os antibióticos são eficazes a prevenir e tratar o coronavírus – MITO

Este tipo de medicamentos não funciona contra vírus, só contra bactérias.

Ao ser hospitalizado, contudo, é possível que sejam administrados antibióticos ao doente infetado pelo novo coronavírus, por causa da possibilidade de co-infecção bacteriana.

Não há medicamento específico para o Covid-19 – VERDADE

Não havendo ainda um fármaco dedicado a combater este novo vírus, os infetados devem receber tratamento apropriado com vista a aliviar e tratar sintomas. Os que estejam severamente doentes devem receber suporte de vida.

Alguns tratamentos específicos estão sob investigação e vão ser testados em ensaios clínicos.

A idade e algumas doenças tornam as pessoas mais vulneráveis – VERDADE

As pessoas com maior risco de ficar doentes são:

  • Idosos
  • Imunossuprimidos
  • Doentes crónicos: oncológicos, cardíacos ou com doenças pulmonares graves e pessoas com HIV, por exemplo.

Mas toda a gente, independentemente da idade, pode ser infetada. Os sintomas são, habitualmente, mais leves nas crianças.

O tempo frio e a neve podem matar o novo coronavírus – MITO

Não há qualquer razão para acreditar que o frio possa matar o novo coronavírus ou acabar com outras doenças, diz a Organização Mundial de Saúde. A temperatura normal do corpo ronda os 37º C, independentemente da temperatura exterior do estado do tempo.

Por isso, tomar um banho quente também não previne o Covid-19, nem a utilização de secadores de mãos é eficaz para matar o vírus.

A melhor proteção é lavar bem as mãos com sabão várias vezes. A lavagem deve durar pelo menos 20 segundos e o sabão deve cobrir as palmas e as costas das mãos e entre os dedos, incluindo o polegar. A DGS recomenda ainda que lave as mãos sempre que se assoar, espirrar, tossir ou após contacto direto com pessoas doentes.

Pode, assim, evitar-se contágios e uma infeção que poderia ocorrer se tocasse com elas nos olhos, na boca e no nariz.

Outras medidas de prevenção recomendadas são tossir e espirrar para o braço ou para um lenço de papel (descartável), evitar o contacto próximo com pessoas engripadas ou com sintomas semelhantes aos da gripe e, quando estiver doente, ficar em casa.

O uso de máscaras impede o contágio – MITO

A utilização de máscaras é uma medida errada para prevenção de infeções. Basta a pessoa coçar o nariz ou tocar os olhos para poder ficar infetada.

Borrifar álcool pelo corpo mata o vírus – MITO

Nem álcool nem cloro pelo corpo pode matar o novo coronavírus. Borrifar essas substâncias pode causar danos nas membranas mucosas.

Tanto o álcool como o cloro podem ser úteis, contudo, para desinfetar superfícies.

Devemos usar álcool-gel para lavar as mãos – VERDADE

O álcool-gel com pelo menos 70% de álcool ajuda a desinfetar as mãos sempre que água e sabão não estejam disponíveis. Tem um efeito imediato sobre a camada de gordura que recobre o vírus, mas não tem um efeito duradouro.

Por isso, é recomendado que as pessoas lavem as mãos ou usem o álcool gel muitas vezes ao longo do dia.

É seguro receber uma encomenda da China – VERDADE

Receber uma carta ou uma encomenda da China não expõe quem as recebe ao risco de ser infetado. A partir de análises anteriores, sabe-se que os coronavírus não sobrevivem muito tempo em objetos deste tipo.

O que está por apurar?

Há informações que a comunidade científica ainda não conseguiu apurar de modo a afirmar com certeza se se trata de uma verdade ou de um mito.

Os animais de estimação podem espalhar este vírus – de momento, não há indicações de que cães ou gatos possam ser infetados. No entanto, é indicado lavar as mãos com água e sabão depois do contacto com animais, pois é uma proteção contra várias bactérias comuns, como a E.coli e a salmonella, que podem ser transmitidas entre animais e humanos.

Uma pessoa pode ser infetada duas vezes pelo novo coronavírus – tendo em conta o que se sabe sobre outras doenças respiratórias, acredita que tal não seja possível. Contudo, informações das autoridades da China e do Japão lançaram dúvidas quando algumas pessoas já recuperadas foram novamente diagnosticadas com o novo coronavírus. Não é, no entanto, de excluir que tenha havido, por exemplo, alguma falha inicial no diagnóstico da doença.

Se a taxa de mortalidade é relativamente baixa, porquê tanta preocupação?

Em primeiro lugar, um novo vírus gera sempre uma preocupação acrescida por não se saber exatamente como se comporta e que mutações pode ter.

Não é possível afirmar com certeza, por exemplo, se uma pessoa que foi infetada, mas ainda não apresenta sintomas, pode infetar outras.

O contágio assintomático durante o período de incubação (que varia entre 1 e 14 dias) é uma possibilidade bastante grande, segundo as autoridades de saúde, mas isso não está 100% comprovado.

Se esse contágio sem que o doente apresente sintomas fosse confirmado, significaria que o vírus tem uma maior capacidade de se alastrar do que outros agentes patogénicos em que o contágio só acontece quando há sintomas.

Além disso, não há imunidade na população para um novo vírus que surge de repente e se espalha rapidamente. Isso faz com que essa taxa relativamente pequena de mortos venha a representar um número absoluto alto de fatalidades.