Covid-19. África do Sul chumba vacina da Rússia
19-10-2021 - 20:56
 • Lusa

A Sputnik V usa dois tipos de vírus inofensivos, conhecidos como adenovírus, para transportar a proteína para o corpo, o que propele o sistema imunitário a produzir anticorpos contra a Covid-19.

As autoridades de saúde da África do Sul anunciaram esta terça-feira que rejeitaram a vacina produzida na Rússia contra a Covid-19, Sputnik V, citando preocupações sobre a tecnologia usada no processo de produção.

O pedido de autorização "não pode ser aprovado nesta altura", anunciou a Autoridade Regulatória dos Produtos de Saúde da África do Sul (SAHPRA, na sigla em inglês), lembrando que também as vacinas contra o VIH, que usavam uma tecnologia semelhante, foram rejeitadas no passado.

De acordo com a AP, o virologista Julian Tang, da Universidade de Leicester, manifestou-se perplexo com a decisão: "É uma ligação estranha para se fazer; não é o vetor que causou o VIH, por isso não se pode atribuir a culpa a isso", comentou.

No ano passado, um estudo em que participaram mais de 20 mil pessoas, publicado na revista Lancet, concluiu que a vacina Sputnik V era segura e tinha uma eficácia de 91% a impedir que as pessoas ficassem gravemente doentes com Covid-19.

A Sputnik V usa dois tipos de vírus inofensivos, conhecidos como adenovírus, para transportar a proteína para o corpo, o que propele o sistema imunitário a produzir anticorpos contra a Covid-19.

As preocupações das autoridades sul-africanas prendem-se precisamente com a utilização deste adenovírus de Tipo 5, que é usado numa das doses da Sputnik.

As autoridades sul-africanas apontaram para dois estudos com pesquisa que mostrou um falhanço na utilização destes adenovírus nas vacinas contra o VIH, que concluiu que os homens vacinados tinham até um risco maior de serem infetados com este vírus.

A vacina Sputnik V está atualmente a ser considerada para autorização pela Organização Mundial da Saúde e pela Agência Europeia do Medicamento, e até agora já recebeu luz verde em mais de 70 países, sem notícias de problemas significativos relativamente à segurança, conclui a AP.