Marques Mendes fala em "paz podre” no PSD, mas elogia Montenegro e Rio
13-01-2019 - 22:05
 • Lusa com Renascença

O antigo líder do PSD defendeu na SIC que “seria melhor para o partido fazer eleições diretas”.


O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes considerou este domingo que é “preferível a clarificação à paz podre” no partido, e elogiou quer Luís Montenegro, por desafiar a liderança, quer a resposta do presidente do partido, Rui Rio.

No seu espaço semanal na SIC, o comentador vaticinou ainda que Rui Rio conseguirá fazer aprovar a sua moção de confiança no Conselho Nacional, e que, se for esse o caso, Luís Montenegro também não sairá a perder, porque ficará na ‘pole position’ para uma futura disputa de liderança no PSD.

“Esta situação não é igual, mas é muito semelhante ao que aconteceu no PS em 2014. Vou dizer o que disse na altura: acho que é preferível a clarificação à paz podre”, defendeu.

Perante as sondagens que existem – que apontou como “sinal exterior do mal-estar no PSD” –, Marques Mendes considerou que Luís Montenegro “fez bem e teve mérito” em assumir-se como candidato à liderança e desafiar Rui Rio a marcar eleições diretas antecipadas.

“Concorde-se ou discorde-se, fez bem e teve mérito, assumiu com coragem as suas posições, deu a cara, não se limitou a deixar queimar em lume brando, foi direto ao assunto”, considerou.

Por outro lado, Mendes elogiou também a resposta dada no sábado por Rui Rio, que rejeitou o repto para eleições antecipadas, mas vai sujeitar a direção a um voto de confiança num Conselho Nacional extraordinário.

“Podia fingir, fazer de conta, mas assumiu, não foi exatamente o que Luís Montenegro pediu, faz de outra maneira, no Conselho Nacional, mas não deixa de ser uma clarificação”, referiu.

Ainda assim, o antigo líder do PSD defendeu que “seria melhor para o partido fazer eleições diretas”.

“Se Rui Rio ganhasse nessas eleições ficava reforçadíssimo, reforçava a legitimidade e autoridade interna e os críticos tinham de meter a viola no saco. Se perdesse, haveria novo líder, um novo ciclo, e um novo élan”, justificou.

Mendes considerou mesmo que essas diretas internas permitiriam “mobilizar o partido para a pré-campanha das europeias”, rejeitando a ideia de que a crise interna represente “uma passadeira vermelha” para o PS e para António Costa.

O comentador político disse acreditar que Rui Rio “vai ganhar no Conselho Nacional”, afirmando que nunca viu na história do PSD um líder “perder uma votação relevante” no órgão máximo do partido entre Congressos e admitiu que muitos votarão “pelos lugares”.

“Montenegro tem alguns apoiantes deputados que têm medo de perder lugares, mas do lado de Rui Rio há o mesmo: os que querem estar no Parlamento Europeu ou entrar nas listas à Assembleia da República”, disse.

Para Marques Mendes, se for esse o resultado, ambos os protagonistas acabam por sair vencedores.

“Rui Rio, se ganhar a moção no Conselho Nacional não é o mesmo que diretas, mas sai reforçado: significa que vai a votos com António Costa em outubro, independentemente do que suceda nas europeias”, defendeu.

Por outro lado, acrescentou, “Montenegro também ganha porque teve a coragem de fazer o desafio e pedir clarificação”.

“Fica na ‘pole position’, se as coisas correrem mal em outubro [nas legislativas], na corrida para a liderança do PSD”, contrapôs.

Na sexta-feira, o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro manifestou disponibilidade para se candidatar à liderança e desafiou Rui Rio, que completa hoje um ano de mandato, a convocar eleições diretas antecipadas de imediato.

A resposta de Rio chegou um dia depois, no sábado: “A minha resposta é não”, disse o presidente do partido, que anunciou, contudo, ter pedido a convocação de um Conselho Nacional extraordinário para que o órgão aprecie e vote uma moção de confiança à sua direção.