As legislativas antecipadas de 30 de janeiro vão ser das eleições mais imprevisíveis da democracia portuguesa. Mais além do resultado será a multiplicidade de possíveis cenários – o que cada partido vai fazer com o score obtido nas urnas – a alimentar o contexto de incerteza que envolve a chamada a votos decidida por Marcelo Rebelo de Sousa.
O elemento mais recente deste puzzle é a vitória de Rui Rio nas eleições diretas do PSD contra a vontade da elite partidária social-democrata, provando que as notícias da sua morte política eram manifestamente exageradas. Mas o que vai Rui Rio fazer com o “tri” interno?
A geografia de alianças, os apoios, a tensão entre as várias polarizações políticas – a mais tradicional entre esquerda e direita, mas também o novo confronto entre moderados e extremistas – desenha um quadro imprevisível, mas há também um preocupante pano de fundo económico a que não se pode fugir.
À confusão em toda a Europa por causa da nova variante da pandemia, soma-se a subida de preços, custos agravados na produção e a escassez de produtos a aumentar a pressão inflacionista. Um iminente cenário de subida dos juros é um grave problema para as famílias e para o Estado com uma das maiores dívidas públicas do mundo. Uma subida média de 1% significa um encargo de mais 2 mil milhões de euros a comprimir as contas públicas.
A análise é de Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law em Washington, Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria e Ana Isabel Lourenço, professora da Universidade Católica a olharem também para a demissão de Eduardo Cabrita e as restrições por causa da nova variante na Covid-19.