"Fim de semana vai ser muito duro". Costa explica "porque temos de ficar em casa"
14-11-2020 - 07:00
 • Joana Azevedo Viana

Em mensagem vídeo, o primeiro-ministro apresenta "três razões fundamentais para este esforço suplementar", reconhecendo que terá impacto duro para todos, em particular para a restauração e o comércio.

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"Este fim de semana vai ser um fim de semana muito diferente, vamos ter de ficar em casa à tarde e à noite." Assim começa a mensagem que o primeiro-ministro deixa aos portugueses este sábado de manhã, no arranque do primeiro de dois fins de semana com recolher obrigatório a partir das 13h em 191 concelhos com elevado risco de contágio por Covid-19.

Reconhecendo que "vai ser muito duro para todos, que gostariam livremente de fazer o que lhes apetecesse" e "para muitas atividades económicas" como a restauração e o comércio, "que vão ter prejuízos grandes este fim de semana", António Costa apresenta "três razões fundamentais" para pedir este "esforço suplementar" aos portugueses, a começar pela gravidade da segunda vaga da pandemia de Covid-19.

"A situação da pandemia é mesmo muito grave", indica o chefe do Governo, com o apoio de um gráfico que mostra a curva ascendente acentuada de novas infeções no último mês, em comparação com os primeiros meses da pandemia.

"Na primeira vaga desta pandemia, o máximo de casos que tivemos por dia foi de 1.516", quando "ainda ontem tivemos 6.653, quatro vezes mais do que tivemos na primeira fase", aponta Costa, números que demonstram que "temos mesmo de travar a continuação do crescimento desta pandemia".

Confinar ao fim de semana é "o mal menor"

A par dos números, Costa pede aos portugueses que se lembrem do que "tivemos de fazer para travar a pandemia" na primeira vaga, para explicar o "mal menor" pelo qual o Governo optou.

Na primeira vaga, "foi necessário fechar a generalidade das atividades económicas, fechar as escolas, ficarmos todos fechados em casa", o que "teve um enorme custo, do ponto de vista da saúde mental, do ponto de vista afetivo, do ponto de vista social, do ponto de vista económico", com "milhares de empregos destruídos e uma imensa perda de rendimentos por parte das famílias".

Para evitar uma repetição da história, "optámos pelo mal menor, que é concentrar este esforço nestes fins de semana para tentar preservar a continuidade da vida normal durante a semana", explica, "sem voltar a interromper o ano letivo e as atividades económicas".

Temos de "dar todo o apoio" aos que estão na linha da frente

A mensagem vídeo de Costa ao país surge dois dias depois de o primeiro-ministro ter assumido responsabilidades pelas falhas de comunicação sobre estas novas restrições, aplicáveis no âmbito do estado de emergência em concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.

Neste momento, e de acordo com a lista atualizada pelo Governo na sexta-feira, são 191 os concelhos de elevado risco, onde neste e no próximo fim de semana todos os restaurantes e quase todo o comércio só poderão funcionar entre as 8h e as 13h.

De acordo com as medidas decretadas pelo Governo, os cidadãos também devem ficar em casa entre as 13h e as 8h do dia seguinre, embora possam sair para dar breves passeios com ou sem animais de estimação ou em caso de emergência.

"Se em vez de um ou dois, formos três, quatro ou cinco [reunidos], o risco [de contágio] vai aumentando", recorda Costa, sublinhando que "se há uma forma de travar a cadeia de transmissão, que é isolarmo-nos o mais possível", então devemos "evitar os contactos", também para "dar todo o nosso apoio" aos profissionais de saúde.

"Temos de dar todo o nosso apoio aos médicos, aos enfermeiros aos assistentes operacionais, aos técnicos de diagnóstico, àqueles que estão, neste momento, nos hospitais ou nos centros de saúde a fazer um esforço imenso para tratar os doentes, para acompanhar aqueles que estão em casa confinados, em vigilância, para fazer os inquéritos epidemiológicos para tentar travar as cadeias de transmissão."

É também este "trabalho imenso" do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que sustenta a decisão de confinamento parcial este fim de semana, adianta o primeiro-ministro.

"Nós podemos ajudá-los: não nos substituindo ao trabalho que só eles podem fazer, mas evitando que haja mais pessoas doentes que eles tenham de tratar. Aí só nós os podemos ajudar. É isso que temos de fazer este fim de semana e é por isso que temos de ficar em casa."