Francisco Neto e o assédio. "Incentivamos a não guardarem sempre que se sentem desconfortáveis"
22-05-2023 - 13:07
 • Inês Braga Sampaio , Eduardo Soares da Silva

O selecionador nacional feminino apela à utilização da plataforma de denúncia anónima da Federação Portuguesa de Futebol quando há casos de abusos.

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Francisco Neto, selecionador nacional feminino, explica que "incentiva as jogadores a não guardarem para elas quando se sentem desconfortáveis", depois dos vários casos de abusos e assédio sexual que afetaram a modalidade nos últimos anos.

"Enquanto seleção, quer nas camadas jovens, quer nos séniores, incentivamos as jogadores a não guardarem para elas quando acontece algo que as deixe desconfortáveis, que não tenham problemas em partilhar com alguém de confiança, a família, ou com a plataforma da Federação", começa por dizer.

Em declarações numa entrevista na 2.ª Conferência Bola Branca, o treinador diz que os abusos "têm sido mais anunciados no futebol feminino, mas infelizmente também acho que acontecem no masculino, mas com mais vergonha de serem divulgados".

"A Federação há muito que tem uma plataforma de denúncia anónima, onde todas as jogadores podem denunciar quando se sentem desconfortáveis com alguma situação, que depois dará acesso a uma investigação", diz.

Francisco Neto quer que o ambiente em torno do futebol feminino seja positivo, porque "ninguém tem rendimento e se sente confortável e continua a jogar se o ambiente não for feliz e de segurança".

"Queremos que a jogadora portuguesa se sinta confortável e que os pais também se sintam assim", termina.

Em novembro, o Ministério Público abriu um inquérito ao treinador de futebol feminino Miguel Afonso, confirmou esta sexta-feira à Lusa fonte da Procuradoria-Geral da República, um dia depois de ter sido suspenso por 35 meses após denúncias de assédio a jogadoras.

Miguel Afonso, que foi suspenso do cargo de treinador da equipa feminina do Famalicão, foi punido pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), na quinta-feira, pela "prática de cinco infrações disciplinares" muito graves, decorrentes de "comportamentos discriminatórios em função do género e/ou da orientação sexual", com 35 meses de suspensão e 5.100 euros de multa.

Miguel Afonso, de 40 anos, foi alvo de denuncias de jogadoras do Rio Ave em 2020/21, noticiadas no jornal Público, que deram lugar a outras sobre o antigo técnico de Bonitos de Amorim (2019/20) e Ovarense (2021/22), e agora Famalicão.