Gouveia e Melo. “Navio não está nas melhores condições”, mas está operacional
16-03-2023 - 11:54
 • Cristina Nascimento , Liliana Monteiro

Chefe de Estado Maior da Armada garante que os vídeos que circulam nas redes sociais não são deste navio e já têm mais de um ano. Os 13 militares que recusaram embarcar na Mondego devem ser substituídos ainda hoje.

O Chefe de Estado Maior da Armada (CEMA) Gouveia e Melo admite que o navio Mondego "não está nas melhores condições", mas garante que está operacional, lembrando que os navios de guerra foram concebidos para continuar a funcionar em segurança, ainda que degradados.

"O navio não está nas melhores condições., mas os navios militares, face às suas redundâncias e as suas capacidades, operam de forma também degradada e não impedem de fazer missões", afirmou.

Apesar desta posição, Gouveia e Melo esclareceu que, "face ao ruído externo", decidiu dar ordem para que fosse feita "uma inspeção independente, da área do material". A unidade deslocou-se à Madeira para responder a algumas perguntas.

"'Será que o comandante errou? Será que a linha mais próxima de apoio ao navio errou na avaliação que fez?’ e foi um rotundo ‘não, não erraram’", explica.

Gouveia e Melo falava aos jornalistas na Madeira, onde foi encontrar-se com os 13 militares que recusaram embarcar por considerarem que a embarcação não reunia condições de segurança. O CEMA sublinhou a gravidade daquilo que considera ser um caso de indisciplina que não pode ser esquecido e fez saber que ainda hoje serão rendidos estes 13 militares.

Questionado sobre vídeos que circulam nas redes sociais que alegadamente seriam do "Mondego", Gouveia e Melo assegura que não são deste navio e que já têm mais de um ano.

"Indisciplina" com consequências no exterior

Gouveia e Melo afirmou ainda que este caso "vai ser notado" pelos aliados portugueses, reiterando que atos de indisciplina são inadmissíveis.

"Não manchará, certamente, a nossa reputação, mas será notado pelos nossos aliados, isso tenho a certeza absoluta", explicou.

Questionado também se a carreira destes militares termina depois deste caso, Gouveia e Melo apenas disse que não ia "fazer julgamentos precipitados" e que a sua deslocação à Madeira foi para dizer frontalmente aos miliatares "que não são admissíveis atos de indisciplina".

Nestas declarações aos jornalistas, Gouveia e Melo mostrou disponibilidade para ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre este assunto. "Como é evidente, eu não posso desobedecer ao Parlamento e portanto, irei", disse.

Gouveia e Melo falou ainda sobre a sensibilidade de informações militares.

"Vão lá perguntar aos Estados Unidos o estado detalhado de cada navio, de cada aeronave, a ver se eles vos dizem. E já agora também, não se importam de perguntar à Rússia para nós sabermos, pode ser que eles nos digam claramente qual é o estado detalhado dos navios deles, dos equipamentos deles, de quantas munições têm e das capacidades que têm", disse, em tom irónico.

"É preciso não ser ingénuo nestas coisas. Nós temos responsabilidades para com a informação, a informação não é para andar a correr em WhatsApp’s", rematou.

[notícia atualizada às 16h01]