Hot Clube continua sem casa sete meses após encerramento
17-08-2023 - 22:58
 • Tomás Anjinho Chagas com Renascença

Câmara de Lisboa prometeu encontrar uma morada provisória para o clube de jazz mais antigo da Europa, até final de março. Até à data, ainda não foi cedido nenhum espaço nem existe data prevista para a reabertura, diz à Renascença o presidente do Hot Clube de Portugal, que fala num "prejuízo imenso".

Sete meses depois do encerramento do Hot Clube de Portugal, por ordem da Câmara Municipal de Lisboa, devido a questões estruturais no edifício, o clube de jazz mais antigo da Europa continua sem espaço definido para prosseguir as suas atividades.

Após uma inspeção de avaliação de riscos, feita em janeiro deste ano por parte de técnicos da autarquia, foi ordenado o encerramento imediato do espaço.

A câmara detetou "danos estruturais" no edifício, situado na Praça da Alegria, junto à Avenida da Liberdade, e indicou que a própria “atividade inerente” do Hot Clube poderia colocar em causa a estabilidade do imóvel.

O município comprometeu-se a encontrar uma morada provisoria para as instalações, até final de março, mas Pedro Moreira, presidente do Hot Clube garante à Renascença que, até à data, ainda não foi cedido nenhum espaço por parte da câmara, nem existe data prevista para a reabertura.

“O Hot Clube precisa, com muita urgência, de um espaço provisório para poder operar. Não temos o nosso espaço, o que implica um prejuízo imenso, já estamos há seis meses sem operação de concertos”, lamenta Pedro Moreira.

A atribuição do espaço provisório ficou prevista para 19 de março, altura em que o clube faria 75 anos de existência. As atividades dos Hot Clube continuam, esporadicamente, fora do espaço próprio, em regime de convite.

“Mês após mês isto continua a representar um prejuízo enorme artístico, é uma coisa que a cidade e os músicos que são convidados pelo Hot Clube precisam”, afirma Pedro Moreira.

Desde a sua fundação, em 1948, o Hot Clube de Portugal funcionou na Praça da Alegria, em Lisboa, primeiro no n.º 39. Em 2009, ficou totalmente destruído na sequência de um incêndio que obrigou a mudar de instalações para o mesmo edifício, mas desta vez no nº 48. Desde 11 de janeiro deste ano que o clube de jazz não tem espaço próprio.

Pedro Moreira confessa que as conversações com a Câmara de Lisboa continuam, mas que é um processo “complexo”.

De acordo com o responsável, qualquer solução que possa surgir por parte da autarquia liderada por Carlos Moedas, implicará a renovação substancial do edifício ou mesmo a construção de um novo edifício.

Durante as conversações surgiram várias possibilidades para arranjar um espaço, próximo da Praça da Alegria.

“O Hot Clube tem uma identidade forte naquela zona da cidade (…) seria fantástico que o Hot se mantivesse aí, mas não queremos desistir de algumas possibilidades que possam surgir naquela zona, não necessariamente na Praça da Alegria”, diz Pedro Moreira.

A Renascença tentou obter esclarecimento por parte da Câmara Municipal de Lisboa que remeteu a resposta para a próxima semana.