Jornalistas suspeitos de crime em fuga de informações do Vaticano
11-11-2015 - 19:07

Dois livros recentemente publicados incluem documentos confidenciais com relatórios sobre gastos descontrolados e revelações sobre fundos de caridade com milhões de euros de onde não sai dinheiro para ajudar os mais pobres.

A magistratura do Vaticano aceitou o pedido proposto pela polícia judiciária local para investigar as actividades dos dois jornalistas que publicaram recentemente dois livros com documentos roubados.

A Santa Sé refere, em comunicado, que os magistrados conseguiram recolher fortes indícios de crime que continuam a ser investigados.

As autoridades continuam também a ouvir testemunhas que, no âmbito das suas funções, poderão ter colaborado na entrega dos referidos documentos reservados.

Os dois livros incluem, por exemplo, documentos confidenciais com relatórios sobre gastos descontrolados e revelações sobre fundos de caridade com milhões de euros de onde não sai dinheiro para ajudar os mais pobres, mas para investimentos em acções e obrigações fora de Itália.

O livro “Avareza”, de Emiliano Fittipaldi, fala de fundações criadas para fins caritativos transformadas em sucursais económicas para aquisições de luxo e divulga o vasto património imobiliário do Vaticano espalhado não só por Roma, mas também em Itália, França, Grã-Bretanha e Suíça.

Num outro novo livro, "Via Sacra”, de Gianluigi Nuzzi (que em 2012 divulgou os documentos roubados pelo mordomo de Bento XVI), são revelados relatórios secretos e gravações não autorizadas do próprio Papa durante uma reunião em que Francisco lamenta o aumento de funcionários na estrutura vaticana e mostra-se irritado pela derrapagem nas contas.

O padre espanhol Lucio Angel Vallejo Balda e a leiga italiana Francesca Chaouqui foram detidos no início deste mês pela polícia do Vaticano, sob suspeita de terem divulgado informação confidencial da Santa Sé a jornalistas.

Os dois eram respectivamente membro e secretário da comissão criada pelo Papa em 2013 para supervisionar a reorganização da cúria romana, nomeadamente das divisões económicas e administrativas. Depois da extinção dessa comissão, a maioria dos membros, incluindo o padre Balda, passou para uma nova comissão económica, mas Chaouqui não foi reconduzida.