Paulo Guichard libertado. “Fugir é um ato de cobardia"
14-10-2021 - 16:14
 • Ricardo Vieira

Ex-administrador do BPP diz que não falou com João Rendeiro no últimos tempos e considera que decisão do Supremo Tribunal, que o mandou libertar, repôs "a justiça e a verdade”.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) "repôs a justiça e a verdade”, declarou esta quinta-feira Paulo Guichard à saída da prisão de Custóias.

O STJ aceitou um "habeas corpus" e mandou libertar Paulo Guichard. O antigo administrador do Banco Privado Português (BPP) e braço direito de João Rendeiro tinha sido detido na semana passada, quando regressou a Portugal vindo do Brasil.

Na decisão tomada por unanimidade, a que a Renascença teve acesso, os três juízes consideram que a detenção de Paulo Guichard foi ilegal porque a pena de prisão a que foi condenado ainda não transitou em julgado porque ainda está pendente uma reclamação no Tribunal Constitucional.

À saída da prisão de Custóias, Paulo Guichard agradeceu aos juízes e mostrou-se surpreendido com toda a situação.

“Queria agradecer ao Supremo Tribunal que penso que repôs a justiça e a verdade em relação à minha situação. Eu cheguei ao aeroporto de Pedras Rubras, vim do Rio de Janeiro para me apresentar voluntariamente às autoridades, assim o fiz e fui surpreendido com um mandado de captura”, disse o ex-administrador do BPP, aos jornalistas.

Apesar da "surpresa muito grande" e "estupefação", Paulo Guichard garante que respeitará "sempre as decisões das autoridades".

"Estarei sempre aqui para, de uma forma correta e objetiva, assumir as minhas responsabilidades e assumir alguns erros que tenha feito e enfrentar o futuro com dignidade”, garantiu.

Nestas declarações aos jornalistas Paulo Guichard adianta que entregou o passaporte à juíza, para não sair de Portugal, e também informou que não tem passaporte brasileiro.

Questionado se tem arrependimentos nos casos em que está envolvido, o ex-braço direito de João Rendeiro, que fugiu de Portugal para escapar à prisão, admite que há "fragilidades" a ser assumidas.

“Há fragilidades em alguns processos em Portugal e no processo do BPP existem fragilidades, e essas fragilidades têm que ser assumidas pelas pessoas. Talvez como eu disse recentemente, aquilo que está em causa em termos de penalizações seja muito mais do que aquilo que a minha consciência me diz, mas as autoridades é que têm de saber isso e os senhores juízes é que terão de tomar as decisões nos fóruns adequados.”

Paulo Guichard diz que não falou com João Rendeiro no últimos tempos e considera que “fugir é um ato de cobardia".

“São questões do foro privado que eu não vou comentar. O dr. João Rendeiro assume aquilo que faz, é um cidadão que tem de assumir aquilo que fez. Eu assumi o que fiz. Fugir é um ato de cobardia. Encarar é um ato de coragem e foi isso que eu tentei fazer. Estive 12 anos no Brasil, evolui muito como ser humano e quero continuar a evoluir e é isso que vou fazer”, declarou.