A economia portuguesa tem falta de pessoas para trabalharem em praticamente todos os sectores de atividade, da agricultura à construção civil, passando pelos serviços (como os ligados ao turismo). A baixíssima taxa de natalidade em Portugal indica que, pelo menos a médio prazo, o problema se vai agravar.
Claro que a queda do desemprego é excelente. Mas a outra face da moeda está na atual escassez de mão-de-obra. No final da década de 60 do século passado, a forte emigração de portugueses para países como a França, a par dos que saíam para não irem para as guerras coloniais em África, trouxe uma situação desse tipo.
Felizmente, a entrada de estrangeiros para trabalharem no nosso país tem vindo a subir desde há cinco anos. Também é positivo que, segundo o ministro da Administração Interna, a principal nacionalidade dos novos imigrantes seja brasileira. É natural que quem vem do Brasil tenha mais facilidade em se integrar em Portugal do que em países com outras línguas.
Mas não haja ilusões: Portugal não é um país atrativo para potenciais imigrantes. A nossa economia cresce, mas não está em “grande crescimento”, contra o que afirmou o ministro Eduardo Cabrita. Os empregos que muitos imigrantes conseguem obter são precários e mal pagos. Desgraçadamente, não faltam casos de inaceitável exploração de imigrantes, sobretudo asiáticos na agricultura. E esperemos que se não repitam agressões da GNR a imigrantes asiáticos.
Quanto à também indispensável imigração de pessoas altamente qualificadas, as universidades portuguesas têm dado um bom contributo, atraindo alunos e professores estrangeiros. O clima português é agradável e os portugueses são em geral simpáticos para os estrangeiros.
Já não são famosas as perspetivas de emprego qualificado, em Portugal, para alunos estrangeiros formados em universidades portuguesas. Nem, de resto, para alunos portugueses. Por isso não parece provável que regressem muitos dos jovens portugueses com altas classificações académicas que emigraram.
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