Fátima é tónica contra banalização do mal em tempo de guerra aos pedaços
16-12-2016 - 13:09

Num documento de mais de dez páginas, os bispos portugueses recordam a actualidade da mensagem e das aparições de Fátima.

A Conferência Episcopal Portuguesa emitiu esta sexta-feira um documento sobre o centenário das aparições de Fátima, em que explica, entre outras coisas, porque é que o fenómeno mantém toda a sua actualidade.

Documento incide sobre a história das aparições, a mensagem que Nossa Senhora deixou e a sua importância para o futuro e visa ajudar os cristãos a viver o centenário com alegria, como explica o porta-voz da Conferência Episcopal, padre Manuel Barbosa.

“Somos convidados a viver este acontecimento com alegria e a reavivar a permanente actualidade da mensagem de Fátima na revitalização da nossa fé e no compromisso evangelizador para as nossas comunidades”.

Num texto de mais de 10 páginas e muitas considerações teológicas, os bispos sublinham que a mensagem de Fátima serve para despertar as consciências numa época de banalização do mal.

“O convite à conversão e à reparação desafia-nos a não nos resignarmos diante da banalização do mal, a vencermos a ditadura da indiferença face ao sofrimento que nos cerca”, escrevem os bispos.

“Neste caminho de purificação pessoal para a solidariedade está presente uma espiritualidade que aprofunda as suas raízes no núcleo do mistério cristão.”

Este aspecto é tanto mais urgente quanto o mundo atravessa, dizem os bispos citando o Papa Francisco, uma época de particular violência. “Ainda hoje, quando vivemos, como diz o papa Francisco, uma ‘terceira guerra combatida em episódios’, a mensagem da Senhora de Fátima agita as nossas consciências para que reconheçamos a tarefa desta hora histórica: a tarefa de não nos deixarmos cair na indiferença diante de tanto sofrimento; de respeitarmos a memória de tantas vítimas inocentes; de não deixarmos que o nosso coração se torne insensível ao mal tantas vezes banalizado.”

“Neste sentido, São João Paulo II recorda-nos como o nosso século está marcado pelas guerras, pelo ódio, pela violação dos direitos fundamentais do homem, pelo enorme sofrimento de homens e nações e, por fim, pela luta contra Deus, impelida até à negação da sua existência Por isso é que a mensagem de Fátima continua profundamente actual”, lê-se.

O documento da CEP faz questão de recordar o Ano da Misericórdia, que terminou no final de Novembro, estabelecendo nova ligação à mensagem de Fátima. “Concluído o Ano Santo da Misericórdia, é necessário conservar e desenvolver este manancial, dar o primado à misericórdia.”

Fátima ergue-se contra o mal

“Fiéis ao carisma de Fátima, somos chamados a acolher o convite à promoção e defesa da paz entre os povos, denunciando e opondo-nos aos mecanismos perversos que enfrentam raças e nações: a arrogância racionalista e individualista, o egoísmo indiferente e subjectivista, a economia sem moral ou a política sem compaixão. Fátima ergue-se como palavra profética de denúncia do mal e compromisso com o bem, na promoção da justiça e da paz, na valorização e respeito pela dignidade de cada ser humano.”

Os bispos concluem que, 100 anos mais tarde, Fátima continua a ter um papel a desempenhar no mundo.

“Fátima – na sua mensagem e no seu Santuário – tem uma missão a cumprir na Igreja e no mundo: ser farol e estímulo para a conversão pastoral da Igreja e critério e bússola a orientar o compromisso dos cristãos nos conflitos do nosso mundo.”

“Peregrinar, caminhar juntos, leva-nos a sair de nós próprios e a abrirmo-nos aos outros,

É particularmente significativa a atenção que em Fátima se dá aos mais frágeis e vulneráveis – as crianças, os doentes, os idosos, as pessoas com deficiência, os migrantes – que neste lugar e na sua proposta espiritual encontram hospitalidade, cuidado, rumo e energia."