Empresários criticam reposição dos feriados, mas não falam a uma só voz
08-01-2016 - 07:56
 • Henrique Cunha

Indústria têxtil e Associação Industrial do Minho alertam para perda de competitividade e produtividade, mas entre os empresários também quem defenda a reposição dos dias feriados. O presidente da Associação das PME diz que a supressão "só desmotivou os trabalhadores".

A reposição de feriados tem custos elevados na competitividade das empresas e pode prejudicar as exportações. A opinião é expressa à Renascença pelo presidente da Associação Têxtil e Vestuário, João Costa, que alude a “um agravamento de custos da ordem dos 3%”, sendo que “quase 2% resultam do cálculo nominal de quatro dias em 200 e poucos dias úteis”.

“O acréscimo de custos decorrentes da laboração em dia feriado pode aumentar os custos de produção na ordem dos 4%”, acrescenta o empresário. E, se as empresas “optarem pela não laboração nesses dias feriados, provavelmente, a desorganização criada e a perda de energia que acarreta ainda podem significar mais prejuízos”.

João Costa lembra que, “com a reposição dos quatro feriados, Portugal voltará a ser um dos países da Europa com mais feriados”, pois passará a ter 13, quando “a média europeia e mundial anda pelos oito feriados por ano”.

O dirigente lamenta, por isso, “este procedimento errado”, que representa “um aperto muito significativo na capacidade competitiva das empresas” e pode significar “a perda de exportações e de encomendas, o que é mau para o país e para o emprego”.

A intenção do Governo em repor os quatro feriados suspensos também não agrada ao presidente da Associação Industrial do Minho (AI Minho). António Marques, lamenta “que o assunto não tenha sido discutido em sede de concertação social” e diz que “os políticos devem perceber que existem estudos que revelam que os feriados, da forma como estão montados em Portugal, e se vierem a aumentar, têm custos enormes sobre a produtividade”.

O presidente da AIMinho afirma, por isso, que “os empresários não estão serenos com esta postura do Governo” e declara “a frontal oposição à reintrodução dos feriados que vão causar distúrbios nas empresas”.

Corte dos feriados apenas serviu para desmotivar trabalhadores

A favor da reposição dos feriados está o presidente da Associação das PME, Autónomos e Microentidades. José Alves da Silva garante que a supressão de feriados “não trouxe qualquer benefício quer em termos económicos, quer ao nível da própria gestão das pequenas e médias empresas”.

O presidente desta nova associação, que também passa a representar empresários em nome individual e que conclui o seu processo de legalização em meados de Dezembro, garante que “o corte dos feriados trouxe apenas desmotivação aos trabalhadores”.

E para contestar o argumento da perda de competitividade e de produtividade por parte das empresas, Alves da Silva recorda que “os portugueses têm produtividade elevadíssima no mundo inteiro”, mas “naquele mundo civilizado onde às quatro ou cinco da tarde estão a ir para casa tranquilos buscar as suas crianças”, o que manifestamente “não é o que se passa em Portugal”, assegura o presidente da Associação das PME, Autónomos e Microentidades.