Boris, o melhor amigo europeu de Kiev
13-05-2022 - 23:30
 • José Pedro Frazão

A semana de Guerra da Ucrânia fica marcada pelas críticas de Zelensky a Macron, pelo veto húngaro a uma sanção europeia sobre o petróleo russo e sobretudo pelos passos importantes dados pelo Reino Unido, a responder ao conflito a nível político, económico e militar, agora fora da esfera da União Europeia .

À medida que a guerra progride, é cada vez mais evidente a preponderância do Reino Unido na frente europeia. Londres está fora da União mas marca ciasa vez mais pontos no jogo de influências em torno.

O regresso da embaixadora britânica acreditada em Kiev foi recebida com júbilo pelas autoridades locais. O presidente do Parlamento Ucraniano fez uma publicação nas redes sociais onde surge a cumprimentar Melinda Simmons com o lema “ isto é amizade, nao apenas uma parceria”. Tudo isto apenas um mês após a visita de Boris Johnson a Kiev.

Do ponto de vista militar, segundo a imprensa britânica e múltiplos observadores do sector, Londres forneceu muito material sofisticado, aconselhamento estratégico e treino especifico em forças especiais.

Polegar para cima para Johnson

No espaço de poucos dias ao longo desta semana, Boris Johnson anunciou ainda um acordo bilateral de protecçao da Finlândia e da Suécia, antes mesmo de avançar o processo de adesão à Nato, deixando para o final da semana um reforço das sanções contra o círculo próximo de Putin, incluindo a antiga mulher e a suposta actual namorada.

Em contrapartida, Zelensky começa a distribuir a reconstrução por diversos parceiros internacionais. Andriy Sibiga, do gabinete presidencial ucraniano, revelou esta semana que o Reino Unido ficará com a zona de Kiev, sobrando a regiao de Zhytomyr, a oeste de Kiev, para os países balticos. A zona de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, já está “prometida” à Dinamarca.

Polegar para baixo para Macron

A influência britânica na Ucrânia contrasta com o desdém com que Volodymyr Zelensky tratou esta semana os esforços diplomáticos de Emmanuel Macron. Em entrevista à televisão pública italiana RAI, o presidente ucraniano declarou “não querer salvar algo por alguém e ainda perder território por causa disso”. O chefe de estado ucraniano alude a alegadas concessões territoriais propostas pelo Presidente francês no quadro de uma solução negociada para a guerra.

No plano europeu, os próximos dias serão ainda mais complexos tendo em conta a oposição declarada da Hungria a um embargo ao petróleo russo, em contramão face à estratégia que tem vindo a ser trabalhada e verbalizada pela Comissão Europeia.