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Classificar a relação homossexual como pecaminosa “é errado”, defendeu o cardeal Jean-Claude Hollerich em entrevista à Agência de Notícias Católica da Alemanha (KNA).
Nas declarações, citadas pelo National Catholic Reporter, o arcebispo do Luxemburgo - que preside à Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) – acredita que “o fundamento sociológico-científico” dos ensinamentos da Igreja nesta matéria “já não é correto”, e que chegou a altura de os rever, sugerindo que a maneira como o Papa Francisco tem falado sobre a homossexualidade poderá levar a uma mudança da doutrina.
“É importante que a Igreja permaneça humana”, sublinhou o cardeal , depois de admitir que conhece “padres e leigos homossexuais na arquidiocese de Luxemburgo” e que todos eles sabem que “têm uma casa” na Igreja.
“Connosco, ninguém é demitido por ser homossexual, nunca alguém foi demitido por causa disso”, nem por ser divorciado recasado, garantiu, deixando mesmo a pergunta: “Alguma vez uma decisão dessas pode ser cristã?”.
Esta posição, favorável a uma mudança no ensino da Igreja sobre a homossexualidade, é particularmente significativa tendo em conta que Hollerich foi o cardeal que o Papa nomeou como relator-geral do Sínodo de 2023, cujo processo de consulta já está a decorrer.
Jesuíta, Jean Claude Hollerich é arcebispo do Luxemburgo desde 2011. Foi o primeiro luxemburguês a ser criado cardeal, em 2019, na mesma dada do português Tolentino Mendonça. Desde 2018 que preside à COMECE, a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia. O ano passado presidiu às cerimónias de 13 de agosto em Fátima, naquela que é conhecida como a “peregrinação dos emigrantes”, sendo próximo de muitos portugueses que vivem no Luxemburgo.
A posição do Papa Francisco relativamente aos homossexuais tem sido de acolhimento. Ainda recentemente, numa das audiências públicas de janeiro, se referiu ao tema, pedido aos pais que acolham e apoiem os filhos nessas circunstâncias e não os condenem.
A doutrina da Igreja mantém relativamente ao casamento: o sacramento do matrimónio só é possível quando firmado entre um homem e uma mulher.
A bênção das uniões entre homossexuais não é permitida. Em 2021 o gabinete doutrinal do Vaticano emitiu, mesmo, um documento a proibir os padres católicos de abençoar as uniões entre pessoas do mesmo sexo.