Peter Jehle, secretário-geral da Federação do Liechtenstein, antevê “muito trabalho defensivo” para a sua seleção na visita a Alvalade, para defrontar Portugal, no arranque da qualificação para o Euro 2024.

O Liechtenstein é o primeiro adversário de Portugal no caminho para tentar chegar ao Europeu e o antigo guarda-redes, que viaja com a seleção para Lisboa, espera uma equipa das quinas à procura de marcar posição, na estreia do novo selecionador.

“Acredito que o Roberto Martínez tentará um jogo muito ofensivo, por ser o primeiro jogo, em casa, depois do Campeonato do Mundo. Estamos à espera de um Portugal muito atacante, que vai tentar provar que é a equipa mais forte do grupo. Será uma tarefa muito difícil para nós, em Lisboa”, diz, a Bola Branca.

Peter Jehle, que representou o Boavista, durante a carreira de jogador, descreve a “alegria de jogar futebol” como uma das maiores forças da seleção do Liechtenstein, que sabe que “é uma honra estar em campo, num grande estádio”.

“Este jogo é algo que nos dá muita energia. Estamos todos ansiosos por esta noite em Lisboa. Não quero revelar demais, mas claro que não podem esperar que tentemos atacar desde o primeiro minuto. Sabemos que temos muito trabalho defensivo pela frente e isso é algo que temos treinado, mas também temos bons jogadores no ataque, embora não seja fácil provarem que são bons, já que também terão de defender bastante. Mas os nossos jogadores estão muito motivados e ansiosos, acredito que vamos ter uma boa equipa em campo”, explica.

Com a mudança no comando técnico da seleção nacional, muitas dúvidas rodearam a equipa das quinas, agora liderada pelo espanhol Roberto Martínez.

Cristiano Ronaldo continua a ser motivo de interesse e Roberto Martínez manteve o avançado, agora no Al Nassr, da Arábia Saudita, entre os eleitos. Esta é uma decisão que “não surpreendeu” ninguém na Federação do Liechtenstein.

“Todos sabemos o quanto a seleção portuguesa significa para o Cristiano Ronaldo, provou isso no Campeonato do Mundo”, afirma Peter Jehle.

Roberto Martínez não alterou muito a convocatória em relação à do Mundial do Qatar.

“Ele tem a difícil tarefa de selecionar 11 jogadores para começar o jogo, de entre o potencial tremendo que Portugal tem em todas as posições. Jogadores como Bruno Fernandes e João Félix serão muito complicados de parar. Depois, há ainda o Rafael Leão e outros vários jovens jogadores. Por isso, para nós, não é muito importante quem joga. A nossa missão será sempre lutar os 90 minutos para impedir Portugal de marcar golos”, sublinha o secretário-geral da Federação do Liechtenstein, à Renascença.

Portugal é favorito no grupo

Para além do Liechtenstein, a seleção nacional encontra Luxemburgo, Bósnia e Herzegovina, Islândia e Eslováquia, no grupo J da qualificação para o Euro 2024.

Para Peter Jehle, Portugal “deve vencer este grupo”. Depois, a luta pelo segundo lugar será “muito interessante” e o Luxemburgo, o outro adversário da seleção nacional nesta pausa, terá uma palavra a dizer.

“É uma corrida em aberto. Penso que o Luxemburgo deve ser referido como um candidato à segunda posição, pelo que provou nos últimos anos. Têm uma boa equipa, muito devido aos jogadores portugueses naturalizados”, analisa.

Do ponto de vista do Liechtenstein, uma das equipas “menos cotadas em prova”, Peter Jehle avança que “qualquer ponto será um enorme sucesso”.

“Vai ser muito difícil conquistar sequer um ponto, mas vamos tentar, vemos que temos hipóteses. Claro que não esperamos que isso aconteça em Lisboa, isso seria um pequeno milagre, mas o jogo começa 0-0 e vamos tentar ao máximo defender a nossa baliza e mostrar que também somos capazes de jogar futebol”, diz, bem-disposto.

De guarda-redes para guarda-redes

Peter Jehle lança, ainda, um olhar pela baliza da seleção nacional.

Diogo Costa assumiu a titularidade, no Campeonato do Mundo do Qatar, ainda com Fernando Santos. O antigo internacional pelo Liechtenstein vê no jogador do FC Porto “um potencial tremendo”.

“É um guarda-redes muito bom, com apenas 23 anos, titular no FC Porto e a jogar com regularidade na Liga dos Campeões. Estas são as bases para um grande futuro”, destaca.

Ainda assim, não esconde a surpresa com que viu a mudança do “dono” da baliza da equipa das quinas no Mundial de 2022:

“Sendo honesto, penso que colocá-lo a titular no Campeonato do Mundo foi uma opção corajosa de Fernando Santos, tendo no banco um guarda-redes experiente como o Rui Patrício. Acredito que o Diogo Costa não tenha tido a prestação que esperava no Mundial, mas é preciso tempo para evoluir e tenho a certeza que vai ter um futuro brilhante se continuar neste caminho.”

Ligação a Portugal mantém-se viva

O atual secretário-geral da Federação do Liechtenstein, antigo guarda-redes, representou o Boavista entre 2006 e 2008, na I Liga. Sobre o tempo na cidade do Porto, Peter Jehle recorda momentos felizes.

“Passei um tempo muito bom no Porto, gostámos muito de lá estar. Ainda estamos apaixonados pela cidade e tento regressar sempre que posso, embora nos últimos anos tenha sido difícil, devido à pandemia. Mas posso dizer que gostei muito do tempo que passei em Portugal”, revela.

O dirigente admite ainda que, até hoje, continua a acompanhar os axadrezados. A saída do clube não aconteceu nas melhores circunstâncias, mas aguarda por um regresso do “Boavistão”.

“Infelizmente, a minha passagem pelo Boavista coincidiu com os problemas que levaram à descida de divisão, que foi a razão pela qual eu tive de sair, mas continuo a acompanhar os jogos deles e espero que continuem a crescer. Têm um bom plantel, estão seguros esta época e o meu sonho é voltar a vê-los nas competições europeias. Provavelmente não será esta época, mas pode ser que aconteça num futuro próximo”, conclui.

Portugal e Liechtenstein defrontam-se, no arranque da fase de qualificação para o Euro 2024, na quinta-feira, às 19h45, no Estádio de Alvalade. Jogo que terá relato em direto na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.