Talibãs proíbem mulheres de entrarem em jardins e parques de diversões
11-11-2022 - 07:10
 • Renascença com agências

A nova regra, introduzida esta semana, tira ainda mais as mulheres de um espaço público cada vez menor.

As mulheres afegãs estão proibidas de entrar nos jardins e parques de diversões de Cabul. É a última das medidas dos talibãs que condiciona ainda mais a vida no espaço público.

Desde que os talibãs regressaram ao poder, em agosto do ano passado, as mulheres foram afastadas de muitas profissões, passaram a ter de cobrir o cabelo ou o rosto e foram impedidas de viajar sem um acompanhante masculino. As escolas para adolescentes também foram fechadas durante mais de um ano na maior parte do país.

Na maioria das províncias continuavam autorizadas a entrar nos jardins e parques de diversões, mesmo que apenas em alguns dias da semana, mas as regras mudaram.

“Nos últimos 15 meses, tentámos o nosso melhor para organizar e resolver - e até especificámos os dias”, disse o porta-voz do Ministério para a Prevenção do Vício e Promoção da Virtude, em declarações à AFP. “Mas ainda assim, em alguns lugares - na verdade, devemos dizer em muitos lugares - as regras foram violadas. Houve mistura [de homens e mulheres], o hijab (lenço) ou burca não foram usadas, por isso a decisão foi tomada por enquanto”.

A notícia foi recebida com desânimo por mulheres e operadores dos parques, que investiram nas instalações.

A roda-gigante e a maioria das outras atrações do Parque Zazai pararam por falta de negócios. Antes da proibição desta semana, podia acomodar centenas de visitantes nos dias em que as mulheres traziam os filhos para reuniões de família. Às sextas-feiras e feriados, ainda se aglomeravam mais no parque - uma das poucas atrações da cidade.

Habib Jan Zazai, um dos que desenvolveu o complexo, teme que possa ter que fechar um negócio no qual investiu o equivalente a cerca de 11,05 milhões de euros e que emprega mais de 250 pessoas. "Sem mulheres, as crianças não virão sozinhas", explicou.

Zazai alertou ainda que estes decretos vão desencorajar o investimento de estrangeiros ou afegãos que vivem no estrangeiro, além de impactar a angariação de receitas.