“Há já quem passe fome. A situação está cada vez pior, as pessoas estão quase a passar fome, há já [mesmo] quem passe fome.” O alerta é lançado pela irmã Maria Lúcia Ferreira, da Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, em Lisboa.
De acordo com a religiosa, na base das dificuldades que atingem várias famílias está a crise económica que se tem vindo a agravar na Síria de dia para dia, fruto não só de uma década de guerra, mas também das sanções económicas impostas ao regime de Bashar al Assad e as consequências também da pandemia do coronavírus.
“Tudo está cada vez mais caro” e assim “é muito difícil viver”, declara a irmã Myri, como é conhecida, ressaltando que a crise económica está a atingir toda a sociedade.
No relato enviado à fundação pontifícia, a religiosa dá conta de muito frequentes e prolongadas quebras no fornecimento de eletricidade, indicando ainda que é cada vez mais difícil encontrar combustíveis para os automóveis, mas também para o aquecimento das casas.
“A eletricidade, às vezes, passa 12 horas sem vir e quando vem, às vezes, é só por meia hora”, conta a irmã Myri, acrescentando que “também é muito difícil encontrar gasolina… As pessoas estão na fila à espera e não encontram”.
O mesmo se passa com o óleo para as pessoas se aquecerem. “É muito difícil. Tudo o que é carburantes é muito difícil [de encontrar], assim como, aqui na região, não há muita madeira”, explica a religiosa.
Também a irmã Annie Demerjian, da Congregação de Jesus e Maria, responsável há quase uma década pelas campanhas da Fundação AIS nas cidades de Aleppo e Damasco, em declarações ao secretariado britânico da fundação, refere que “as pessoas estão com fome, não têm o que comer”.
“O mundo começou a esquecer-se da Síria e isso é doloroso”, desabafa.
A Fundação AIS tem vindo a promover na Síria um trabalho humanitário, permitindo que famílias mais empobrecidas possam ter acesso a bens essenciais, como leite para as crianças, alimentos, medicamentos e acesso a cuidados de saúde e produtos de higiene pessoal.
Esta ajuda abrange atualmente 273 famílias em Aleppo e mais de uma centena em Damasco, a capital da Síria.