Estados Unidos. Quatro mortes e 52 detenções durante invasão ao Capitólio
07-01-2021 - 06:32
 • Renascença com Lusa

A governadora de Washington prolongou o estado de emergência pública na capital por mais 15 dias.

Pelo menos quatro pessoas morreram na quarta-feira na invasão do Capitólio, em Washington, anunciou a polícia citada pela agência de notícias Associated Press (AP). Foram feitas 52 detenções.

A polícia usou armas de fogo para proteger congressistas e a AP já tinha dado conta da morte de uma mulher, alvejada no interior do Capitólio. Mas o último balanço aponta para mais três mortes.

A mulher foi alvejada no início da quarta-feira quando a multidão tentou arrombar uma porta barricada no Capitólio, onde a polícia estava armada do outro lado. A mulher foi hospitalizada com um ferimento de bala e morreu mais tarde.

A polícia realizou 52 detenções, 47 das quais estavam ligadas à violação do recolher obrigatório imposto no mesmo dia pela governadora de Washington DC, Muriel Bowser.

Do total de detenções, 26 decorreram no Capitólio e muitos foram detidos devido à posse ilegal de armas de fogo.

Segundo a agência Reuters, 14 agentes da polícia ficaram feridos, dois dos quais ainda continuam hospitalizados.

Muriel Bowser prolongou o estado de emergência pública na capital por mais 15 dias, até depois da tomada de posse do Presidente eleito, Joe Biden, agendada para 20 de Janeiro.

A Casa Branca anunciou que a Guarda Nacional, agentes do FBI e agentes dos serviços secretos foram ativados.

De acordo com a CNN, as autoridades também encontraram e desativaram duas bombas caseiras nas proximidades da sede dos secretariados nacionais dos partidos Democrata e Republicano.

Quatro horas após o início dos incidentes, as autoridades declararam que o edifício do Capitólio estava em segurança.

Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do Congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.

A sessão de ratificação dos votos das eleições presidenciais dos EUA foi interrompida devido aos distúrbios provocados pelos manifestantes pró-Trump no Capitólio, e as autoridades de Washington decretaram o recolher obrigatório entre as 18h00 e as 06h00 locais (entre as 23h00 e as 11h00 em Lisboa).

O debate no Senado foi retomado pelas 20h00 (01h00 desta quarta-feira em Lisboa).

As reações ao ataque no Capitólio foram quase imediatas. A líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, defendeu que a certificação do Congresso da vitória eleitoral de Joe Biden iria mostrar ao mundo a verdadeira face do país.

O ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama considerou que os episódios de violência eram "uma vergonha", mas não "uma surpresa", dado a atitude de Donald Trump e dos republicanos.

O antigo Presidente norte-americano Bill Clinton também denunciou um "ataque sem precedentes" contra as instituições do país "alimentado por mais de quatro anos de política envenenada".

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos ocorridos no Capitólio foram “um ataque sem precedentes à democracia” do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.

Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem “para casa pacificamente”, mas repetindo a mensagem de que as eleições presidenciais foram fraudulentas.

O governo português condenou os incidentes, à semelhança da Comissão Europeia, do secretário-geral da NATO e dos governos de vários outros países.

De acordo com Sociedade Histórica do Capitólio, este foi o pior ataque ao icónico edifício desde que o exército britânico o queimou, em 1814.