Dia 13 da guerra. Cessar-fogo violado, Zelensky admite desistir da NATO e "Stop" ao petróleo russo
08-03-2022 - 20:15
 • André Rodrigues

Presidente ucraniano acusa a NATO de ter medo de um confronto com a Rússia e admite deixar de insistir na adesão à Aliança Atlântica. Do lado ocidental, o Kremlin continua na mira das sanções. Petróleo e gás natural da Rússia vão ser progressivamente banido. No terreno, o cessar-fogo permitiu a retirada de 3.500 civis de Sumy. O mesmo não aconteceu em Mariupol. O Ministério da Defesa ucraniano acusou o exército russo de atacar pontos de passagem do comboio humanitário.

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Era o dia do aguardado cessar-fogo em cinco cidades ucranianas para a retirada de civis das zonas de conflito. Mas não foi bem um cessar-fogo. Foi, aliás, algo muito longe disso. Que o digam os civis de Mariupol.

Através do Twitter, o porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia denunciou um ataque do exército russo “na direção do corredor humanitário”, o que impediu a população mais vulnerável – crianças, mulheres e idosos – de abandonar aquela cidade portuária, que tem estado debaixo de fogo cerrado, tal como todo o sul da Ucrânia, que tem sido mais visado pelos mísseis do exército da Rússia.

A cidade de Sumy terá sido, aliás, a primeira – e a única de que há informação – em que cerca de 3.500 civis foram retirados com sucesso.

Enquanto isso, em Kiev, há cada vez mais barricadas e a capital prepara-se para a guerra rua a rua. Citando Winston Churchill, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que o país vai lutar até ao fim “no mar, no ar, nas florestas, nos campos e nas ruas", mas não deixou de insistir no apelo da praxe ao Ocidente para que torne os céus da Ucrânia seguros em defesa dos civis indefesos que têm sido alvo dos raides das forças russas.

Mas esta terça-feira, Zelensky introduziu um elemento novo, numa entrevista concedida à cadeia de televisão norte-americana ABC: "Quanto à NATO, moderei a minha posição sobre esta questão há algum tempo, quando percebi que a NATO não estava pronta para aceitar a Ucrânia".

O que parece uma constatação do Presidente da Ucrânia foi, logo de seguida, condimentada com uma observação aos medos do Ocidente: "a Aliança tem medo de tudo o que seja controverso e de um confronto com a Rússia".

A resposta ocidental aos acenos de Kiev continua a chegar por via económico-financeira. Joe Biden deixou, hoje, claro que “defender a liberdade tem custos, também para os Estados Unidos”.

A frase do Presidente norte-americano veio juntamente com a decisão anunciada de suspender as compras de petróleo e de gás natural da Rússia, algo que os EUA podem fazer mais rápido do que a União Europeia, por serem produtores de petróleo.

Do lado da União Europeia, o passo será mais lento e a meta mais imediata é reduzir as importações de gás russo em dois terços até ao final deste ano.

A mais longo prazo, a Comissão Europeia propõe a eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030, contrapondo com uma aposta no gás natural liquefeito e nas renováveis.

Enquanto isso, a mais conhecida cadeia global de fast-food vai encerrar temporariamente mais de 800 restaurantes na Rússia. Também os grupos que detêm as marcas norte-americanas dos refrigerantes mais famosos do mundo decidiram que não continuam a encher os copos dos russos.

Amanhã, a guerra na Ucrânia entra no 14.º dia e renova-se a confiança em mais um trégua que permita evacuar civis de Kiev, Chernihiv, Sumy, Kharkiv e Mariupol.

Se tudo correr bem, será a partir das 07h00 em Portugal, 10h00 em Moscovo.

Treze dias de guerra na Ucrânia provocaram dois milhões de refugiados, a maior vaga desde a II Guerra Mundial. Mais de 400 civis morreram apanhados no meio dos combates.