Eurobarómetro. Maioria dos portugueses antecipa agravamento de dificuldades em 2024
06-12-2023 - 07:40
 • Fábio Monteiro

Descontentamento nacional é expresso nos dados do último Eurobarómetro. Mais de metade dos portugueses inquiridos antevê que a economia nacional e as suas condições de vida piorem. Inquérito europeu foi realizado em outubro, ainda antes da queda do Governo. Uma das prioridades então expressa por 19% dos portugueses era a de influenciar a nomeação do próximo presidente da Comissão Europeia – cargo que António Costa poderia ambicionar.

Os portugueses estão pouco otimistas e antecipam dificuldades em 2024, de acordo com os dados do último Eurobarómetro, divulgado esta quarta-feira - precisamente seis meses antes das próximas eleições europeias.

No ano que se avizinha, 52% dos cidadãos nacionais inquiridos (de um total de 1.030) antecipa que as suas condições de vida piorem, 34% que fiquem iguais e apenas 10% tem expectativas de melhoria. 83% dos inquiridos portugueses acreditam mesmo que o seu nível de vida irá diminuir no próximo ano tendo em conta a inflação.

Somado a isto, 58% dos portugueses antevê que a economia nacional piore.

As baixas esperanças dos portugueses podem ser explicadas, em parte, pela realidade vivida em 2023. Dos portugueses inquiridos, 23% admitiu ter tido dificuldades a pagar as contas nos últimos doze meses, 41% “ocasionalmente” e 36% disse “quase nunca” ou “nunca” ter enfrentado esse problema.

Ou seja, apenas um terço não teve dificuldades.

Nestes campos do Eurobarómetro, os dados referentes a Portugal contrastam com a média da União Europeia (UE).

Ao nível da UE, no último ano, apenas 9% dos cidadãos europeus tiveram dificuldades a pagar as contas, 28% “ocasionalmente” e 62% “nunca”. Ao mesmo tempo, as espectativas quanto à melhoria das condições de vida são também baixas (13%), mas a maioria dos europeus (46%) acredita que a situação irá continuar tal como está.

Prioridades e motivos para votar

Entre 6 e 9 de junho de 2024, a Europa vai a votos para o Parlamento Europeu. Os principais motivos expressos pelos portugueses para se deslocarem até às urnas, contudo, parecem ter uma raiz de foro nacional.

Dos portugueses inquiridos, 43% assumiu querer apoiar um partido político – o que sustenta a tese de que as europeias, em determinados momentos, funcionam como um plebiscito interno; 30% disse querer votar para “apoiar o Governo” corrente, valor que contrasta com a média europeia (17%).

E mais ainda: 19% disse querer votar para “influenciar a escolha do próximo Presidente da Comissão Europeia”.

É de recordar que, nos últimos anos, a possibilidade de António Costa, primeiro-ministro demissionário, vir a assumir um cargo de relevo europeu tem sido muito comentada e debatida. O Eurobarómetro foi realizado em outubro, ainda antes da Operação Influencer ter sido conhecida.

Os portugueses estabelecem ainda como prioridades políticas da União Europeia três temas com expressão nacional: “a luta contra a pobreza e exclusão social” (56% em PT, 32% na UE); “a saúde pública (53% em PT, 34 na UE); e “apoio à nossa economia e a criação de novos empregos (55 em PT, 29 na UE).

Bónus da Europa

A imagem dos portugueses sobre a União Europeia é, por contraste com a situação nacional, muito positiva.

Enquanto 82% dos portugueses acredita que as ações da União Europeia (UE) têm impacto no seu dia a dia, e 88% que o país beneficiou da adesão, a média europeia é de 70% e 72%, respetivamente.

No mesmo sentido, 66% dos cidadãos nacionais têm uma imagem positiva da UE, mas ao nível europeu o cenário é outro: 45%.

"Este Eurobarómetro mostra que a Europa importa. Neste contexto geopolítico e socioeconómico difícil, os cidadãos confiam na União Europeia para encontrar soluções. A grande maioria dos europeus acredita que as ações da UE tiveram um impacto positivo na sua vida quotidiana.", disse a Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, durante a apresentação dos resultados.

Com as eleições europeias de 2024 no horizonte, a maioria dos europeus (53%) deseja que o Parlamento Europeu desempenhe um papel mais importante, uma opinião que é maioritária em 21 dos Estados-Membros, incluindo Portugal (61%).

[notícia atualizada às 07h58 de 6 de dezembro de 2023]