Associação de Doenças do Sangue. "Há mais esperança para os doentes com linfoma"
15-09-2023 - 10:56
 • Renascença

Isabel Leal Barbosa, da APLL, alerta que ainda há doentes que têm de esperar pela reabilitação por não terem vaga nos programas de recuperação.

É uma das dificuldades das doenças malignas do sangue. A monitorização da incidência da doença é limitada e os dados mais recentes reportam a 2020 para dizer que, em Portugal, 12,1 em cada 100 mil pessoas foram dignosticadas com um linfoma. Acrescentada a leucemia e o mieloma, o valor sobe para 22,7 vítimas das doenças do sangue em cada 100 mil portugueses.

A presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL) diz que, atualmente, há mais esperança para os doentes com linfoma em Portugal. Esta sexta-feira assinala-se o dia mundial do linfoma e Isabel Leal Barbosa traça à Renascença um cenário mais animador.

"Hoje é maior o controlo, a qualidade de vida dos doentes. Os doentes podem esperar viver mais anos com qualidade", destaca.

A dirigente associativa recorre aos dados Global Cancer Observatory (Observatório Global do Cancro), da Organização Mundial de Saúde (OMS) para realçar os 2300 casos de linfoma existentes em Portugal, em 2020. A especialista nota que o número de casos tem vindo a subir, influenciado pelo envelhecimento da população residente no país.

"Os cancros do sangue, que muita gente desconhece, representam cerca de 8% a 10% do total de cancros que ocorrem mundialmente. Os linfomas representam a maior parte desses cancros de sangue. Segundo o Global Cancer Observatory, em 2020, em Portugal existiram 4700 casos de cancros de sangue. Desses, aproximadamente 2300 são linfomas."

A especialista nota que o número de casos tem vindo a subir, influenciado pelo envelhecimento da população residente no país.

"Nós temos tido mais alguns casos de linfomas porque os linfomas também acontecem normalmente em pessoas mais velhas, principalmente os linfomas Não-Hodgkin"

Associação promove iniciativas porque "falta consciencialização do Estado e das pessoas"

A APLL tem um programa de reabilitação física e psicossocial para doentes em fim de tratamento. A fadiga, a perda de massa muscular e a febre são sintomas do linfoma que perduram durante o tratamento e podem comprometer a aptidão física e mental do doente e Isabel Leal Barbosa chama à atenção para as necessidades destas pessoas.

"Nós estamos a falar de doentes que estão a sair dos tratamentos, que sentem fadiga, perderam massa muscular e que necessitam de reabilitação física e psicossocial. A APLL tem-se esforçado, desde 2015, por ter programas de reabilitação física - com o apoio da Câmara Municipal do Porto e outras câmaras do país"

As sessões de reabilitação são orientadas por monitores voluntários, maioritariamente provenientes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e a dirigente associativa apela à consciencialização da população porque continua a haver doentes sem espaço para a reabilitação acompanhada.

"Há algumas pessoas que têm de esperar, porque nem sempre há vaga para entrar nos grupos. Há necessidade de consciencialização do Estado e das pessoas. Verem que é um problema que também as pode afetar", alerta.

A APLL promove no dia 23 de setembro uma caminhada pelas pontes históricas do Porto com o objetivo de consciencializar os participantes para a importância da atividade física para os doentes com linfoma. São esperadas centenas de pessoas e o trajeto é acompanhado por especialistas disponíveis para esclarecer os participantes sobre as doenças malignas do sangue. Os detalhes sobre as inscrições pode ser consultado no site da associação.