​O alargamento
23-06-2022 - 10:20

Perfila-se já no horizonte uma profunda alteração estrutural do espaço europeu.

Poderá não se realizar ou demorar a realizar-se, mas o mais provável é que se vá efectivar e mesmo que demore muito tempo a concluir-se totalmente terá consequências importantes já no médio prazo. Refiro-me, evidentemente ao alargamento da União Europeia aos países dos Balcãs e a países candidatos (incluindo a Ucrânia) que pertenceram à antiga União Soviética.

Por via deste processo, que trará uma mudança grande no território e na população do espaço da União Europeia, o aparelho institucional desta terá, também ele, de ser profundamente alterado. É visível, pela experiência dos últimos trinta anos, que o caminho federalista não é viável, uma vez que os cidadãos dos estados europeus não estão dispostos a abdicar da defesa dos respectivos interesses nacionais em defesa de uns supostos interesses europeus. O caminho da criação de uma união cada vez mais estreita entre os povos da Europa (artigo 1º do Tratado da União Europeia) não tem futuro se por essa expressão, como tem sido o entendimento da Comissão Europeia e da maioria do Parlamento Europeu, se entender a subordinação dos interesses nacionais aos cada vez mais ilusórios interesses europeus.

À enorme falta de imaginação do projecto federalista - que não faz mais que propor as mesmas soluções políticas para a Europa do século XXI que foram adoptadas para a América do século XVIII - temos de contrapor um projecto de cooperação que respeite os interesses nacionais num quadro de valores comuns. Algo de intermédio entre um espaço federalista e um espaço político do tipo ONU.

Só com um novo espírito de reforma poderemos criar uma cooperação europeia sólida.