Declarações de Graça Freitas são "disparate total", diz bastonário
23-06-2022 - 19:23
 • Pedro Mesquita

Diretora-geral da Saúde declarou que agosto não é um bom mês para ficar doente em Portugal, nem para ter acidentes, devido à falta de médicos nos hospitais.

As declarações da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sobre não ficar doente em agosto, são um “disparate” e “incompreensíveis”, afirma o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

Em declarações à Renascença, o bastonário não entende qual é o objetivo da responsável pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Eu acho que estas declarações da Dra. Graça Freitas são um disparate. Eu não sei exatamente qual é o objetivo, mas se não tiver nenhum objetivo é um disparate, porque a atividade durante o mês de agosto não tem a ver propriamente com os médicos, tem a ver com aquilo que acontece com as famílias, os miúdos de férias, etc…”, afirma Miguel Guimarães.

“Uma parte significativa das pessoas faz férias em agosto, os médicos e os enfermeiros que trabalham nos hospitais têm períodos de férias, mas nunca estão todos de férias ao mesmo tempo”, sublinha.

Questionado se Graça Freitas está a assumir a impotência do Serviço Nacional de Saúde, o bastonário dos médicos diz que não lhe compete dizer se a diretora-geral da Saúde tem condições para continuar no cargo.

“Acho que a Dra. Graça Freitas já fez um grande trabalho com a pandemia, com pontos altos e baixos, e acho que neste momento está um bocado a inventar. Não percebo as declarações dela.”

“Acho um disparate total, porque isto é mau, está a introduzir uma carga negativa no sistema. As pessoas têm regras para ter férias. Se a Dra. Graça Freitas tem dúvidas, fala com os presidentes dos conselhos de administração, se ainda assim continuar com dúvidas: ou saem eles ou sai ela. Há qualquer coisa que não está bem”, conclui Miguel Guimarães.

Numa reação política, Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD e médico, culpa o primeiro-ministro, António Costa, pela situação.

“Aquela que foi a afirmação da diretora-geral da Saúde, de que os portugueses não podem adoecer em agosto porque há um maior risco para a sua saúde, é uma afirmação da incapacidade do atual Governo de fazer um planeamento dos recursos humanos, apenas a continuação do conjunto de situações que temos assistido nas urgências de norte a sul do país”, afirma à Renascença o deputado social-democrata.

“O primeiro-ministro, António Costa, é o primeiro responsável pelo que está a acontecer, porque continua a dar o apoio total e ainda ontem assumiu a responsabilidade total por todas as declarações da ministra da Saúde e da Direção-Geral da Saúde”, sublinha Ricardo Baptista Leite.

As declarações da diretora-geral da Saúde foram proferidas, quarta-feira, na apresentação do plano de contingência da DGS para o verão.

“Costumo dizer que a pior coisa que nos pode acontecer é adoecer em agosto. Porque também os nossos médicos não está lá, estão de férias noutro sítio qualquer. Não é uma piada de mau gosto, estou a constatar um facto. Agosto não é um bom mês para se ter acidentes e doenças”, declarou Graça Freitas.