São precisos mais comboios e mais novos, assim como mais maquinistas e outros funcionários, para a CP conseguir responder a mais um aumento de procura. À Renascença, a coordenadora da Comissão de Trabalhadores da transportadora pública ferroviária diz que o Governo precisa de dar condições à empresa, incluindo autonomia à administração para "negociar com sindicatos".
No dia em que o Governo de Luís Montenegro apresentou o novo Passe Ferroviário Verde, de 20 euros, Catarina Cardoso afirma que a compensação a pagar pelo Governo à CP "não é a única questão para assegurar a oferta e para assegurar o serviço", já que "faltam pessoas".
"O Governo não anunciou que a CP tem liberdade para negociar com com sindicatos condições remuneratórias que permitam, de facto, reforçar o contingente de trabalhadores. Isso é uma grande preocupação da Comissão de Trabalhadores. Assim como ainda não anunciou o desbloqueio dos 117 comboios", declara a representante dos trabalhadores. A compra, que foi adjudicada ao consórcio Alstom-DST em novembro de 2023, foi alvo de impugnação em tribunal pouco depois, e não é conhecida nenhuma evolução no processo.
Catarina Cardoso recorda que "o ministro até tinha dito, umas semanas antes do anúncio do passe, que a CP não precisava de mais comboios", e diz que isso é "mentira".
"Nós precisamos de mais comboios, com urgência", avisa a coordenadora da Comissão de Trabalhadores, explicando que "a elasticidade da oferta está diretamente ligada aos comboios que temos para operar, que são velhos e poucos, e às pessoas que os operam, que também, se calhar, não são suficientes e, portanto, a oferta não pode esticar infinitamente".
A representante assegura que "ninguém consegue estimar com exatidão quais são as alterações que vão acontecer" na procura dos passageiros pelos serviços da CP, pelo que o impacto da medida deve ser avaliado "aqui por dois, três meses".
O Governo anunciou uma compensação de quase 20 milhões de euros à CP pela receita perdida com a aplicação do Passe Ferroviário Verde. Mas o relatório e contas da empresa relativo a 2023 revela que o valor do Passe Ferroviário Nacional relativo a esse ano não foi transferido para a empresa.
Catarina Cardoso diz que o valor ainda não foi pago, "tanto quanto sabemos". "Não é só aquilo que é devido pela prestação do contrato de serviço público, é quando é que isso é pago", sublinha a trabalhadora da CP, que revela ainda que o passe criado em 2023, de 40 euros, "nunca chegou a ser regulamentado".