Quase metade dos cemitérios judaicos na Europa ao abandono
16-07-2021 - 22:32
 • Filipe d'Avillez

A Iniciativa Europeia dos Cemitérios Judaicos tem por objetivo identificar, restaurar e proteger estes espaços na Europa.

Quase metade dos cemitérios judaicos no leste e centro da Europa estão ao abandono, conclui um estudo da Iniciativa Europeia dos Cemitérios Judaicos, uma organização financiada pela União Europeia.

Ao longo dos últimos anos a organização identificou e catalogou cemitérios judaicos em vários países do centro e leste da Europa. Dos cerca de 1.700 que já registou, 44% estão em estado grave de abandono.

A primeira causa, conclui a organização é evidente. “A razão fundamental para a negligência evidente é que as comunidades que deveriam estar a cuidar delas foram destruídas ou forçadas a emigrar depois de a maioria da comunidade ter sido chacinada”, explica Sean McLeod, porta-voz do grupo, em declarações reproduzidas pela agência Religion News Service.

Mas em muitos casos o problema não é apenas a negligência a que foram votados os cemitérios, mas os atos de vandalismo ou profanação a que foram sujeitos. Nalguns casos, explica o estudo, os terrenos dos cemitérios foram mesmo ocupados para uso agrícola ou para construção de casas, algo que sucedeu de forma particular nos antigos países comunistas.

A Europa central e de leste teve muitas comunidades de judeus até à Segunda Guerra Mundial, altura em que se calcula que tenham sido assassinados seis milhões. Muitos dos sobreviventes preferiram abandonar a Europa e comunidades inteiras desapareceram do mapa.

A IECJ nasceu da vontade da União Europeia de preservar o legado judaico da Europa. “A herança judaica e europeia desenvolveram-se lado a lado e formaram-se mutuamente”, explica McLeod. “É fundamental, numa altura em que o antissemitismo está de novo a crescer, encorajar as pessoas na Europa a ver a herança judaica dos seus países como parte da sua própria herança cultural e assumirem a responsabilidade por ela, fazendo os possíveis para a preservar”.

Desde que começou a trabalhar a organização já conseguiu delimitar e preservar mais de 200 locais em vários países.