Padre admite ter passado documentos do Vaticano a jornalistas
15-03-2016 - 12:11

Padre espanhol Vallejo Balda diz ter sido pressionado para divulgar segredos da Santa Sé pela arguida Francesca Chaouqui, que lhe terá dito que era dos serviços secretos italianos.

O sacerdote espanhol Vallejo Balda, que trabalhava na curia romana, confessou ter fornecido documentos secretos do Vaticano a jornalistas, no âmbito do processo que ficou conhecido na imprensa como Vatileaks II.

No banco dos réus encontra-se Vallejo Balda, de 54 anos, e Francesca Chaouqui, uma especialista em relações públicas, 35 anos. Ambos faziam parte de uma comissão criada pelo Papa Francisco para aconselhar sobre reformas a fazer nas finanças da Santa Sé. O marido de Chaouqui, que também trabalhava no Vaticano como especialista em informática e dois jornalistas que publicaram livros com base nos documentos divulgados também são arguidos.

Na segunda-feira Vallejo Balda testemunhou e confessou ter divulgado documentos e que chegou mesmo a dar a um dos jornalistas 85 palavras-passe para aceder a contas de correio electrónico e servidores do Vaticano. Contudo, o sacerdote passou a maior parte das culpas para Chaouqui, afirmando que ela o tinha manipulado e que terá mesmo chegado a dizer que era uma funcionária dos serviços secretos italianos.

O padre disse ainda que a relação com Chaouqui foi “claramente comprometedora para mim, enquanto padre”, referindo um episódio em que ela entrou no seu quarto de hotel. O marido, Nicola Maio, terá enviado mensagens ameaçadoras a Balda levando a uma situação em que ele se sentia “num beco sem saída”.

Chaouqui não falou durante a audiência de segunda-feira mas, segundo o jornalista da Reuters que esteve presente, as suas expressões faciais indicam desacordo com a versão de Vallejo Balda.

A sessão do julgamento prossegue esta terça-feira, com novo testemunho de Balda. Caso sejam condenados, os arguidos arriscam penas até oito anos de cadeia.