A dramatização até à 25ª hora
17-10-2021 - 00:25
 • José Bastos

Pedro Braz Teixeira, António Saraiva e Nuno Botelho na análise do OE e de soluções para combater a estagnação económica.

Uma proposta de Orçamento do Estado está sempre longe de ser consensual junto dos contribuintes, mas, este ano, as circunstâncias do calendário eleitoral prolongam para além do esperado – talvez até 27 de outubro - as negociações políticas do PS com os partidos à esquerda.

O governo multiplica em tom suave as promessas de negociação. Já o presidente da república depois de um registo mais alarmista, na habitual dramatização protocolar, terá dado mais uma contribuição, na última sexta-feira, para evitar um chumbo que implicará eleições antecipadas. Ao receber os partidos, Marcelo Rebelo de Sousa relembrou a necessidade da estabilidade política e a recuperação pós-pandemia.

Assim sendo, com apostas de que o Orçamento do Estado acabará aprovado com o apoio de um dos dois parceiros escolhidos pelo PS para viabilizar a governação, a ministra Mariana Vieira da Silva indicou que o Orçamento tem uma marca de esquerda bem visível – e nos últimos dias surgiram sinais através do ministro João Leão que as Finanças têm folga para atender algumas reivindicações de Bloco e PCP e que exigências em matéria laboral, ligadas à caducidade da contratação coletiva vão, aparentemente, ser satisfeitas.

Como deve ser analisada toda esta coreografia política pré-orçamental? Há verdadeiramente o risco de uma crise política que a poucos beneficiaria? Tudo se encaixa na 25ª hora negocial?

A análise é de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria, António Saraiva, presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade que olham ainda para a alta dos preços da energia e combustíveis.