Cabo Verde reafirma disponibilidade da CPLP para apoiar Moçambique
28-04-2021 - 20:51
 • Lusa

Os ataques de extremistas islâmicos na província moçambicana de Cabo Delgado, onde grupos armados aterrorizam as populações desde 2017, já provocaram mais de 2.500 mortes.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa cabo-verdiano, reafirmou esta quarta-feira, em Lisboa, a disponibilidade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a que Cabo Verde preside, para apoiar Moçambique na resolução da crise em Cabo Delgado.

"Cabo Verde, detendo a presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa organizou reuniões com as autoridades moçambicanas para demonstrar a total disponibilidade e interesse da CPLP em apoiar em tudo aquilo que for necessário e considerado útil pelas autoridades moçambicanas", disse Rui Figueiredo Soares.

O ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de Cabo Verde falava numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo português Augusto Santos Silva, no âmbito da primeira visita oficial de Rui Figueiredo Soares a Portugal enquanto titular da pasta da diplomacia cabo-verdiana.

Os ataques de extremistas islâmicos na província moçambicana de Cabo Delgado, onde grupos armados aterrorizam as populações desde 2017, já provocaram mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque ocorreu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

"A CPLP segue com muita atenção a situação e o chefe de Estado cabo-verdiano tem encetado as diligências necessárias para se aquilatar aquilo que a CPLP, enquanto organização, pode fazer para ser útil a Moçambique na resolução do conflito que se vive em Cabo Delgado", afirmou Rui Figueiredo Soares.

Cabo Verde detém a presidência rotativa da CPLP até julho e a situação em Cabo Delgado foi um dos assuntos do encontro entre os dois ministros.

Augusto Santos Silva, que liderou, em janeiro, uma missão da União Europeia (UE) a Moçambique, recordou que o bloco europeu concedeu mais de sete milhões de apoio à ação humanitária na província em 2020, tendo aprovado para 2021 um valor superior a 10 milhões de euros.

"Consideramos Cabo Delgado como a prioridade número um da ação da União Europeia na África Austral e no Oceano Índico", frisou.

Neste contexto, destacou o "novo grande projeto de cooperação para o desenvolvimento" em Cabo Delgado, que será cofinanciado pela União Europeia e pelo instituto Camões, no valor de 4,2 milhões de euros.

O objetivo do projeto passa por formar mais de 800 jovens com competências que lhe garantam empregabilidade.

No domínio da segurança, Santos Silva disse estar a decorrer o processo de preparação da missão da UE de formação e treino às Forças Armadas de Moçambique no combate ao terrorismo e proteção das populações.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila de Palma, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.