No início de um novo ano pastoral e escolar, a Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé escreveu uma Nota Pastoral dirigida a "todos os obreiros da educação cristã", manifestando "apreço e incentivo pela dedicação e coragem com que abraçam este desafio em tempos de incerteza e de dificuldades variadas".
O documento destaca quatro pontos fundamentais. No primeiro, “Agarrar-se ao essencial”, sublinha que "este tempo de pandemia veio trazer-nos a experiência do distanciamento de forma surpreendente e inusitada". Uma "experiência que reduziu ou empobreceu muitas dimensões da vida humana de grande significado e riqueza, como o convívio social, as assembleias religiosas, a alegria das festas" e "provocou uma 'nova normalidade' com repercussões na transmissão da fé e na sua vivência. Ajudou-nos a prestar atenção ao interior de nós mesmos, a cultivar a espiritualidade".
Desafiou ainda a "descobrir e a ter tempo para o essencial. Em muitos casos, impulsionou para um olhar e um cuidado generoso e criativo no serviço aos mais frágeis e desprotegidos".
Por outro lado, sublinha a valorização das redes sociais "como espaço fecundo de contacto interpessoal, possibilitando reduzir o distanciamento, transmitir o afeto, apoiar a educação, mitigar a solidão".
No segundo ponto, “A família, um bem essencial”, refere "a importância fundamental da família na transmissão da vida e dos valores humanos e cristãos, assim como da sua função insubstituível na construção de laços, na educação dos afetos, no acolhimento mútuo."
Aproveita para lembrar que neste tempo de pandemia, "as dioceses, paróquias e escolas procuraram sensibilizar e apoiar as famílias a viver a liturgia e a oração quotidianas e a intensificar a sua participação na educação formal dos filhos. Deste modo, a Igreja prestou maior atenção e colaboração à família, 'Igreja Doméstica', não apenas para a ensinar, mas também para aprender com ela a exercer a missão eclesial de 'hospital de campanha' ".
O terceiro ponto desta Nota Pastoral, “A família cristã no ‘novo normal’”, salienta que esta “nova normalidade” criada pela pandemia nos pede para olhar e preparar um futuro diferente e redescobrir nesse horizonte o lugar fundamental da família".
Afirma ainda a importância de "fortalecer a família como lugar eclesial da presença de Deus onde se vive, celebra e transmite a fé é um caminho a percorrer hoje". E acrescenta: "entre nós, a Catequese, a Educação Moral e Religiosa Católica e a Escola Católica têm prestado atenção e cuidado à família, na sua missão evangelizadora, com propostas válidas para apoiar a sua missão educativa. Perante as circunstâncias presentes, e abertos à luz do Espírito, torna-se imperioso aprofundá-las e abrir caminhos para o futuro".
O quarto e último ponto da mensagem fala nos “Caminhos a percorrer”. Aqui, são indicadas "algumas propostas para fortalecer a família como Igreja Doméstica. As comunidades cristãs e realidades educativas acompanhadas pelos Secretariados Diocesanos procurarão concretizar e partilhar".
Entre estas propostas, destaque para "escutar as famílias, as suas sugestões, descobrir as suas dificuldades e êxitos alcançados".
Pede-se ainda que "os educadores cristãos cultivem uma relação cordial, de proximidade e de abertura uns com os outros, com a comunidade, com a família e com as Instituições educativas e chamem mesmo novos colaboradores"
Outra proposta a ter sempre presente "é a necessidade de consciencializar as famílias de que estamos a viver uma mudança de época e, portanto, precisamos de descobrir em conjunto caminhos novos para preparar o futuro.
Não é com um regresso ao passado, como alguns sonham, mas com um discernimento lúcido dos sinais dos tempos e com a colaboração esclarecida de todos que podemos promover a formação humana e cristã nas diferentes realidades educativas".
A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé diz também que a "dimensão espiritual ou mística precisa de estar sempre presente nos momentos de encontro familiar e nas reuniões de formação dos pais".
Por último, a mensagem sugere que se proporcione "às comunidades e às famílias subsídios digitais de qualidade, práticos e acessíveis para a educação cristã. Dialogar com as famílias a possibilidade de alternar a catequese presencial na paróquia com a formação em família, sem esquecer a necessidade da sistematização da formação que identifica a catequese".
Escolas Católicas peregrinam de forma simbólica a Fátima
Por causa da pandemia de Covid-19, a V Peregrinação Nacional das Escolas Católicas vai ter uma "participação simbólica" e "animada nas redes sociais".
Vai realizar-se no dia 22 de outubro, em plena Semana Nacional da Educação Cristã.
A peregrinação ao Santuário de Fátima tem como tema “EComMaria 2020” e é organizada pela Associação Portuguesa de Escolas Católicas em parceria com o Secretariado Nacional da Educação Cristã.
Esta iniciativa cumpre “uma tradição iniciada em 2012”, que pretende “congregar as Escolas Católicas na oração e na comunhão, junto de Maria”, refere uma nota da APEC.
A Associação Portuguesa de Escolas Católicas acredita que “no contexto da pandemia” a peregrinação surge como “um sublime argumento para as Escolas Católicas se unirem ainda mais na comunhão e na partilha, em torno da sua essência – Jesus Cristo e de Maria” – a quem vão “agradecer e pedir especial proteção”.
Tendo em conta a impossibilidade de reunir no Santuário, “uma grande assembleia de peregrinos”, a organização prevê “uma representação de cada Escola Católica” num programa mais reduzido, que contempla um encontro entre os representantes das Escolas Católicas e de D. António Moiteiro, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé marcado para as 11h00, seguido da celebração da eucaristia na Capelinha das Aparições, pelas 12h30 com transmissão online.
Recorde-se que, em Portugal, existem cerca de 144 escolas católicas, do pré-escolar ao 12º ano de escolaridade, que são frequentadas por cerca de 73 mil alunos.