Música portuguesa tem uma “dívida de gratidão” com Ricardo Camacho
04-07-2018 - 19:02

Fundador dos Sétima Legião e da companhia discográfica Fundação Atlântica morreu aos 64 anos.

A música portuguesa tem uma “dívida de gratidão” em relação a Ricardo Camacho, o fundador dos Sétima Legião que morreu aos 64 anos, afirma Pedro Ayres Magalhães em entrevista à Renascença.

“Há uma dívida de gratidão nesse tempo da Fundação Atlântica. Estávamos em 1982 e o médico e pianista Ricardo Camacho, que também era jornalista, ele era um grande entusiasta da música popular e partilhou comigo e com uma mão cheia de pessoas esse sonho de termos uma atividade em Portugal relacionada com as bandas e os concertos”, recorda Pedro Ayres Magalhães.

Ricardo Camacho “era tão entusiasta da música que, quando produziu o primeiro disco da Sétima Legião para a Fundação Atlântica, ficou tão entusiasmado que ficou na banda para sempre. Foi autor de muitas músicas e era uma pessoa muito acessível aos amigos”.

“Quando se estava com o Ricardo falava-se sempre de doenças e de música. Ele conhecia todas as bandas, todas as histórias relacionadas com as bandas. Era uma pessoa muito curiosa”, refere Ayres Magalhães.

Com o selo da Fundação Atlântica, Ricardo Camacho produziu o primeiro álbum dos Sétima Legião e o primeiro single dos Xutos & Pontapés, “Remar, Remar”, e ajudou a criar os Delfins.

“Era uma pessoa muito entusiástica no trabalho de estúdio, ele era multi-instrumentista, tocava piano, guitarra, baixo e ajudou a produzir muitos discos, a ensaiar muitas bandas e artistas a solo. Foi um tempo pioneiro em que nós não conhecíamos o dia de amanhã”, refere Pedro Ayres Magalhães, que integrou a formação dos Heróis do Mar.

“Mas hoje, ficamos a dever ao Ricardo Camacho quando olhamos para trás e vemos que houve em Portugal grupos que singraram nestas últimas três décadas, que escreveram as suas músicas e fizeram os seus discos, dezenas de concertos por ano em todo o país. Refiro-me aos Heróis do Mar, à Sétima Legião, aos Delfins, aos Xutos & Pontapés. Esse homem generoso que era o Ricardo Camacho está na raiz dessa criação de música e poesia popular”, remata Pedro Ayres Magalhães.