Mais do mesmo - ou pior
05-07-2019 - 06:53

O caminho trágico que a União tem seguido, de cada vez maior centralismo e de crescente supremacia alemã, a que se contrapõe a consequente reacção mais ou menos populista, vai, pois, agravar-se.

Não são boas as notícias que vêm da repartição dos cargos mais elevados da burocracia bruxelense.

Para Presidente da Comissão Europeia, foi indicada uma alemã, Ursula von der Leyen, que não provou até agora o quer que seja na sua carreira política, a não ser que é uma federalista extrema, adepta de um exército europeu e dos Estados Unidos da Europa. Dada a sua ideologia conservadora, não é difícil de imaginar o que serão, para ela, os Estados Unidos da Europa comandados pela Alemanha.

O mesmo ultra-europeísmo caracteriza Josep Borrell, indicado para Alto Representante para a política externa. Também aqui não é difícil de adivinhar o sentido que vai tomar a sua acção.

Ou seja, destes dois cargos podemos esperar a manutenção do caminho que vem a ser trilhado desde a aprovação do Tratado de Maastricht, depois aprofundado pelo Tratado de Lisboa, de reforço do centralismo europeu (“mais do mesmo”) provavelmente a um ritmo ainda mais intenso (“ou pior”).

Quando aos outros dois cargos, o Presidente do Conselho é uma nulidade política que se amoldará sem qualquer dificuldade ao directório franco-alemão.

Já quanto ao Banco Central Europeu, a nomeação de Christine Lagarde não deverá significar grande alteração, pelo menos no imediato, relativamente à política monetária.

O caminho trágico que a União tem seguido, de cada vez maior centralismo e de crescente supremacia alemã, a que se contrapõe a consequente reacção mais ou menos populista, vai, pois, agravar-se.

Não sabemos o destino final do Brexit nem como irá funcionará este Parlamento Europeu mais diversificado ou fragmentado, como se queira, mas esta é uma equipa que poderá contribuir para a emergência duma crise política generalizada no âmbito da União.